BLOG - UMBANDA PARA O MUNDO

Blog voltado às informações e conceitos da Umbanda Blog criado para divulgação de tudo que diz respeito à Umbanda e aos umbandistas, crenças e cultos afins, no Brasil e no mundo.

RELIGIÃO E DEUS






RELIGIÃO E DEUS

Quantos são os caminhos para encontrar Deus? De quantas estradas é feito o nosso trilhar para entender as coisas de Deus? Quais são os caminhares que nos levam a Deus?

Não houve na História da Humanidade cultura alguma que não tivesse nos seus valores o entendimento de Deus.

As formas de interpretação da Divindade variaram às centenas, porém, nenhum povo houve que negasse a existência de uma força maior a comandar os desígnios do Universo.

Assim, crer na existência de Deus transcende o aspecto cultural e se insere na essência do sentimento humano de que existe um Criador a gerar a vida, do macro ao microcosmo.

E, ao longo da História, vários foram os ensaios para se explicar e entender Deus.

Seja o deus castigo e vingança das civilizações antigas, ou o deus concebido em forma humana, como nas mitologias greco-romanas, ou ainda o deus natureza dos celtas, sempre foram tentativas do homem de entender Deus.

E hoje, como entendemos Deus?

Provavelmente as suas respostas e explicações acerca da Divindade estão pautadas em uma explicação doutrinária ou religiosa.

E é exatamente para isso que as religiões se estruturam: para nos ajudar a redescobrir Deus, Suas Leis, Seus desígnios e para Ele nos voltarmos.

Desta forma, podemos entender a religião não como um fim e sim um meio. O meio que encontramos para entender Deus e tê-Lo na nossa vida diária.

E, sendo a religião o meio que usamos para reencontrar Deus, é natural que cada um de nós tenha necessidade de um caminho que seja coerente e próprio em relação ao seu amadurecimento emocional, seus valores e conceitos.

Por isso, cada um de nós escolhe essa ou aquela escola religiosa, esse ou aquele caminho para chegar a Deus.

Porém, para Deus, todos os caminhos que levem a Ele são dignos de respeito. Toda doutrina, toda religião que nos torne melhores, é válida.

Além disso, devemos lembrar que a religião por si só não basta em nossa vida. Como também, para sermos pessoas de bem, a religião não é imprescindível.

Há inúmeras pessoas que, sem professarem nenhuma religião, têm uma vida de respeito ao próximo, de conduta ilibada, de retidão de caráter inquestionável.

E outras, apegadas a essa ou aquela escola religiosa, se mostram só preocupadas com a externalidade da religião, cuidando muito pouco do seu mundo íntimo.

Se a religião que escolhemos nos faz pessoas melhores, nos ajuda a entender as Leis de Deus, a nos entender e a entender ao próximo, essa é a melhor religião para nós.

Porém, se ainda nos vinculamos a uma religião, preocupados com o que os outros estão vendo ou pensando, somente para satisfazer vaidades ou expectativas nossas ou de outros, há que se repensar como estamos construindo nossa relação com Deus.

O mais significativo para nós deve ser perceber que a religião que adotamos é o meio que encontramos de construir a religiosidade em nós, do entendimento de Deus, respeitando o próximo nos caminhos que ele escolher para compreender Deus e trazê-Lo para dentro de si.

Momento Espírita.

O CÓDIGO DA VINCI - (REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO)





O código Da Vinci
Escrito por Victor Rebelo

Controvérsias sobre a história de Jesus

Na Revista Cristã de Espiritismo, edição 40, entrevistamos Lázaro Freire, Severino Celestino e José Reis Chaves, pesquisadores da vida de Jesus, para falarem sobre a influência que as discussões levantadas com o livro
O Código Da Vinci, obra de ficção do escritor norte-americano Dan Brown, pode exercer na fé cristã.

A seguir, disponibilizamos a entrevista completa com Lázaro Freire.





Como a Bíblia, do jeito que a conhecemos hoje, foi montada?

Lázaro Freire – Foi todo um processo, mas simplificando muito, a escolha da maioria dos livros "oficiais" se deu no Concílio de Nicéia, em 315, que sincretizou credos e ritos pagãos no novo "catolicismo romano", atendendo a interesses da versão de Roma e seu Imperador Constantino. O Credo, que pensamos ser uma oração, é a afirmação do dogma votado. Excluíram ali teologias que geravam questionamentos (heresias) espiritualistas e gnósticos, incluindo as que mostravam Jesus como homem – e conseqüentemente, médium e Mestre. Livros importantes foram considerados apócrifos, com uso exclusivo da Igreja. Recentemente, fragmentos destes textos foram redescobertos. Como espiritualista, creio que estas descobertas justamente agora não são coincidências.

Os livros "escolhidos" oficializaram a heresia paulina, que era apenas uma das primeiras versões de cristianismo, e não era a posição da Igreja original de Jerusalém, presidida por Pedro e Tiago, irmão de Jesus. Paulo não conheceu Jesus em vida, tendo apenas o "experienciado" em visão (talvez como muitos de nós), e possuía uma interpretação própria das escrituras, tendo sido advertido por Tiago. Ainda que radical em sua visão messiânica, Paulo não escreveu suas cartas (Epístolas) às igrejas pensando que séculos depois seriam tomadas como a própria Lei de Deus. Grave como era, talvez ele mesmo considerasse isso um ultraje.

Já os Evangelhos adotados foram escritos em grego, de 30 a 70 anos depois de Jesus, após a completa destruição de Jerusalém – e parte de suas memórias. Mateus e Lucas parecem se basear em Marcos, o mais antigo. Este, por sua vez, dá uma narrativa mítica, romanceada, condensando a sabedoria de Jesus contida nas poucas fontes originais (conhecida pelos pesquisadores como fonte "Q") com histórias contadas sobre ele, que também são comuns a Buda, Krishna e Mithra. Isso não é má intenção, mas o estilo da época. A versão gnóstica atribuída a João é ainda posterior aos outros três. Quanto a "Q", as verdadeiras palavras do Mestre, até onde esta foi reconstituída historicamente em consenso, tratam-se de frases de sabedoria universal, ditas por um judeu. Conhecemos grande parte delas, e nunca endossam o moralismo posterior da Igreja romana e paulina.

O último livro a ser acrescentado foi este apocalipse que conhecemos (havia inúmeros), e é um texto claramente gnóstico, cujo simbolismo "interpretável" prestou bons serviços à Igreja. E temos o Velho Testamento, que vem dos judeus. Posteriormente, reduziram e adulteraram estes livros escolhidos numa Vulgata Romana, a versão em latim da Bíblia para os vulgares – ou seja, nós. As adulterações solicitadas foram tantas que seu tradutor, Jerônimo, se preocupou muito com o que estava fazendo com a palavra de Deus, mas o papa o tranqüilizou.





Quais seriam as maiores controvérsias sobre a vida de Jesus que a Igreja defende e que os historiadores discordam?

O assunto daria um livro, de tantos casos. Por exemplo, na época, os judeus não podiam crucificar ninguém, apenas lapidar. Só romanos crucificavam, e sempre aqueles considerados revolucionários.

Existem determinadas passagens nos evangelhos que são atribuídas à vida de Jesus, mas que também se encontram em narrativas da vida de outros mestres da humanidade. Registre-se que na história de Krishna, 2500 anos antes, ele teria nascido de uma virgem e sido perseguido na infância por um rei que mandara matar todas as crianças, temendo uma em particular. Ou seja, é bem possível que esta e outras passagens sejam míticas e não históricas.

A cidade de Nazaré é de 70 d.C. e é possível que Jesus fosse um "nazarita", designação de facção política, e não nazareno. Os relatos tampouco respeitam distâncias e coerência.

Claramente, aliaram, posteriormente, dados imprecisos sobre a história dos judeus, em um tempo sem imprensa e internet, a mitos conhecidos e frases reais de Jesus. Isso seria até coerente com o estilo da época. O problema é que cada incoerência encontrada por Roma séculos depois deu origem a mutilações e interpretações, criando dogmas que se confundiram com o cristianismo, e posteriormente, com o protestantismo e parte do espiritismo. Entretanto, a fé em Jesus, como um mestre, uma egrégora, sabedoria e espírito de luz - e toda a evolução que já trouxe ao mundo - não precisa depender destes fatos "históricos". Mesmo se o Mestre jamais tivesse encarnado entre nós.





Existe a possibilidade de Jesus ter sido casado com Maria Madalena?

É altamente provável, especialmente se considerarmos apócrifos bem aceitos por pesquisadores, embora naturalmente rejeitados pelos concílios de Roma. Além do mais, pelas tradições judaicas, ele precisaria ser casado naquela idade. Na cultura do deserto, até hoje seria escandaloso para uma mulher como Madalena andar sempre no meio deles, se não fosse casada com um do grupo. É ela também quem o unge como Messias, no Templo, seguindo a tradição dos reis dali. Há apócrifos que narram os ciúmes de Pedro para com ela, e o mestre a beijando na boca. Mas Jesus sendo Deus, na versão romana, nascido de virgem e sem sexo, não poderia ser casado, segundo a Igreja. A solução de um papa foi interpretar que Madalena seria uma prostituta arrependida. A versão é tão sem fundamento que o próprio Vaticano já a rejeitou, mas muitos de nós ainda pensamos que isso está na Bíblia.



Desde quando essa discussão existe?

Certamente, desde os primeiros tempos do cristianismo. A pergunta a nos fazermos é desde quando o questionamento parou de existir, e a resposta está nos concílios. Posteriormente, as cruzadas e a inquisição deram uma grande “contribuição” para a unificação da versão absolutista de Roma. Neste aspecto, o espiritismo é bastante feliz ao entender Jesus como um grande espírito, e ater-se mais à sabedoria de suas palavras e sua aplicabiluidade do que aos fatos históricos. Infelizmente, tradições equivocadas de nossos credos antigos ainda se sincretizam com várias casas, às vezes endossas por animismos, e precisamos esclarecer e atualizar a doutrina, como ensinava Kardec em suas Obras Póstumas.





Como você, como historiador, analisa O Código Da Vinci?

É um bom livro de ficção, e não de história - e, por isso, comete imprecisões. Entendo que mais acerta do que erra, e seu maior mérito é incentivar o questionamento e pesquisa. Seu enredo baseia-se em livros de pesquisadores sérios e as pesquisas e evangelhos apócrifos que estes questionam não são ficção.



E sobre O Evangelho de Judas? Qual é a sua opinião?

As revelações não são novas, e não nos surpreendem. Apócrifos originais, bem menos adulterados do que a Bíblia que temos, vem sendo encontrados há décadas no Egito e no Mar Morto. Seus textos já nos mostravam o papel de Judas como executor do plano de Jesus, a pedido do próprio. Não é por acaso que no filme A Última Tentação de Cristo ele é visto exatamente como agora comprovamos: estes conteúdos já eram da ciência de boa parte de pesquisadores, ocultistas, maçons e rosa-cruzes. Hoje, podemos revelar que estes eram alguns dos grandes segredos que geravam perseguição e injustiças, particularmente da Igreja, contra estas ordens.

A bem da verdade, uma leitura cuidadosa dos próprios evangelhos canônicos (oficiais) já deixa claro que a "traição" de Judas havia sido escolhida e anunciada pelo próprio Mestre, que o ordena a cumprir seu papel. Mesmo na Bíblia, Jesus anunciava que reproduzia certos fatos "para que se cumprissem as profecias". Entrar em Jerusalem em um burrico, ser "traído" por um discípulo, ter descendência de David e ser ungido no templo eram sinais, para o povo, de que aquele seria o Salvador anunciado pelos profetas.





Quem teria sido Judas, então?

Mesmo na Bíblia oficial, evangelistas apontam Judas e Tiago como nome de irmãos de Jesus. Pela tradição que agora cai por terra, as pessoas pensavam haver dois Judas: um traidor, arquetípico; e outro bom, que escreve o penúltimo livro da Bíblia com o nome de Judas Tomé, ou Judas Dídimo. A tradição fala de um apóstolo "Tomé", mas isto é um título e não um nome: é a palavra hebraica para "irmão gêmeo". E confirmando isso, "dídimo" é a palavra grega para gêmeo. Os evangelhos que conhecemos foram escritos em grego, após a destruição de Jerusalem.

Já o título "iscariotes", para muitos, vem de "sicário", portadores de punhal, uma facção revolucionária da época, da qual Simão "Pedro" (palavra grega para rocha, pedra, "durão") faria parte. Portanto, Iscariotes, Tomé e Dídimo são provavelmente alcunhas para Judas, irmão de Jesus, e discípulo fiel. E se Judas era irmão como a Bíblia afirma, pelo idioma seria um irmão gêmeo de Jesus, o que na época era visto como mais um sinal de Deus.

Segundo vários autores, baseados nos Atos dos Apóstolos e pesquisas, Judas teria ido para o oriente. Um profeta conhecido lá como Issa, possuia um discurso parecido com o de Jesus. Se era gêmeo, isso explica porque certos pesquisadores - e o próprio Alcorão - sustentam a tese de que Jesus teria sobrevivido à cruz e vivido na Índia. Os estudos não são conclusivos, mas aparentemente ele ou seu irmão (gêmeo?) viveram e pregaram lá. No Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, Jesus é respeitado como um grande "profeta" - e não o próprio Deus, como na versão da Igreja de Roma.



Você acha que precisamos humanizar mais Jesus, sem deixarmos de valorizar seus ensinamentos?

Sim, mas entendo que o verdadeiro espiritismo sempre fez isso. As palavras originais de Jesus (Fonte "Q") falam de sabedoria e espiritualidade, e nunca da religião e pseudo-história acrescentada depois. Esta sabedoria sobreviveu às adulterações da Bíblia, e foi este lado que Kardec e interpretou à luz da doutrina. Entendo que se o codificador, universalista como era, vivesse na Índia, teria escrito o "Baghavad Gitá Segundo O Espiritismo", e estaria mais interessado na essência da sabedoria de Krishna do que em discutir se este tinha pele branca ou azul.

Não é culpa do espiritismo em si, mas algumas pessoas confundem o dogma católico que aprenderam na infância com a essência de Deus, criando em algumas casas um "neo-catolicismo mediúnico reencarnacionista", que também tem sua utilidade evolutiva - e falo isso pensando em minha própria mãe! - mas não pode ser confundido com a própria palavra de Jesus ou de Kardec.



Como é possível mantermos nossa fé após sabermos de tantas controvésias sobre a vida de Jesus?

A pesquisa precisa haver, para não cairmos em novas mistificações. Já a fé e espiritualidade são conceitos interiores, intransferíveis e inquestionáveis. Filmes assim nos perguntam se o Espírito Crístico que experimentamos está mesmo baseado no coração, ou em alguma história exterior. Aliás, todo alto clero passa por este questionamento, em algum momento de sua carreira.

Entendo que há toda uma egrégora e espiritualidade atuando há séculos, evolutivamente, em nome de Jesus Cristo e sua mensagem. O bem que este movimento faz independe da verdade histórica, ou de erros passados de dirigentes religiosos. Alguns espiritualistas preferem separar o "Jesus" da história, grande homem e médium; de "Cristo", a verdade espiritual que ele nos trouxe. Eu concordo: em todas as religiões, o que se faz em nome de Cristo é bom, e não pode ser afetado pelo que se fez de mentiras em nome de Jesus. Se simples fatos históricos ou ficções policiais abalarem nossa fé, devemos questionar se não havia um dogma eclipsando nossa verdadeira essência espiritual.

ESPIRITISMO-UMBANDA-CANDOMBLÉ // ENTREVISTA COM RUBENS SARACENI





Entrevista com Rubens Saraceni - REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO -
Escrito por JUCA

O Jornal de Umbanda Carismática - JUCA é uma publicação sem fins lucrativos, distribuída gratuitamente para divulgar e ampliar os conhecimentos da Umbanda, sob a responsabilidade do Núcleo Cultural e Social de Umbanda Carismática Luz de Oxalá e Força de Oxum - (http://www.umbandacarismatica.org.br/)

JUCA: O estudo teológico da Um­banda e o desenvolvimento mediúnico realizado num dia específico, foram iniciativas suas?

RUBENS SARACENI: Em relação ao desenvolvimento, não acredito que tenha sido pioneiro, logo que abri o Centro, foram surgindo pessoas com mediunidade que precisavam se desenvolver e nos dias de trabalho, o espaço físico mal comportava os médiuns e a assistência, sem contar que nesses dias a carga é muito pesada, então, apenas segui a orientação da espiritualidade para que destinasse um dia apenas para os médiuns em desenvolvimento. Segundo a espirituali­dade, o médium que precisava se desenvolver poderia entrar em contato com uma energia negativa e por falta de conhecimento, teria dificuldade em livrar-se dela. Nos dias reservados ao desenvolvimento, acontecem giras nor­­mais, só não há assistência e nessa oportunidade, os médiuns podem aprender a reconhecer as energias próprias de cada Entidade e de cada Orixá. O estudo teológico de Umbanda sim, é pioneirismo nosso.

JUCA: Como o curso de teologia alertou para a necessidade de os médiuns estudarem?

RUBENS SARA­CENI: Veja bem, cursos e livros sobre a Umbanda existem desde 1930. Naquela épo­ca, os umbandistas acha­ram que esse recurso era necessário para aqueles que queriam praticar a Umban­da e não sabiam como. Agora um curso específico, voltado ape­nas à formação reli­gio­sa da pessoa, inde­pen­­dente de assumir sua mediu­nidade ou não, é atual, pois até então, esse tipo de curso era voltado unicamente para aqueles que praticavam a religião.
Por orientação da espi­ritualidade, nós abrimos esses cursos para todos aqueles que quisessem conhecer a religião da Um­banda, sem implicar na adoção da religião na sua vida. É um curso relativamente curto, que muitos dirigentes já passaram adiante, não apenas para seus médiuns, mas também para a assistência, que passam a adotar a religião não por medo ou temor, mas porque passam a admirar a Umbanda.
O Curso Livre de Teologia de Um­banda é bastante dinâmico, acompanha a evolução da religião e da sua linguagem, adaptado às necessidades das pessoas que o procuram. Eu não criei esse curso, fui apenas o canal utilizado por Pai Benedito de Aruanda, Pai Beira Mar Mestre Seimam e outros espíritos. Fui aquele que batalhou a ferro e fogo a tantas resistências, que hoje já não são tantas, porque o número daqueles que vêem que a religião precisa se adaptar aos novos tempos, na sua apresentação pública, está crescendo. A Umban­da não pode mais ser apresentada co­mo no passado: “Ou você vem por amor, ou vem pela dor”. Por mais que isso possa ser verdade, hoje esse amor é porque o médium aceita a Umbanda como sua religião, e a dor é porque ele é médium e pode ter alguma dificuldade espiritual e a Umbanda pode diminuir essa dor ou até anulá-la a nível espiritual.






JUCA: Então a Umbanda é conhecimento?

RUBENS SARACENI: A Umbanda só vai se fixar no plano material como uma grande religião no dia em que ela usar o conhecimento como um fator para atrair as pessoas. O Budismo atrai as pessoas, não através do Buda, mas através das mensagens do Buda. O Cristianismo não atrai as pessoas pelo Cristo, o homem crucificado, mas pelas mensagens deixadas pelo Cristo. A Umbanda não vai atrair as pessoas pela sua dor, mas pela mensagem regeneradora, curadora, salvacionista, redentora. Principalmente redentora.
A Umbanda tem uma missão redentora que ela ainda não assumiu de público. Todos nós sabemos que existem problemas carmáticos de difícil solução, que são resolvidos através do desenvolvimento da mediunidade, do trabalho desses problemas com o auxílio da espiritualidade, para que esses problemas acontecidos em outras vidas tenham uma solução através do espírito. Isso é a redenção do Ser. A Um­banda tem isso a oferecer, mas ainda não está usando a melhor linguagem para levar isso às pessoas. No dia em que essa linguagem se tornar uniformizada entre todos os umban­distas, a Umbanda se tornará tão atratora, que as outras religiões terão não um adversário, mas um exemplo de como transformar o ser humano, transmutar o íntimo dele, espirituali­zando-o cada vez mais. Os umbandis­tas precisam entender que essa espiri­tualidade que me usou como canal não é estática, mas se transmuta com o passar do tempo. Sua linguagem e conceitos se transmutam, e toda uma forma de abordagem religiosa e pregação doutrinária está sendo formada.

JUCA: Hoje, há um grande número de canais de mídia que tem aumentado a divulgação da Umbanda, e como conseqüência, há também uma maior exposição. Essa exteriorização é positiva?

RUBENS SARACENI: Não é da melhor forma possível que isso está acontecendo. Mas é da forma que ainda é possível. E antes que se torne impossível, nós temos que ocupar esse espaço. Se não fizermos dessa forma, não teremos acesso a meio de comunicação nenhum. Nacionalmente, a Umbanda está excluída dos meios de comunicação. Restaram-nos as iniciativas isoladas de pessoas corajosas, em diversos lo­­cais, levando in­for­­mações aos se­us grupos. Às vezes isso gera curiosidade, e até reações negativas por parte de alguns umbandistas, e até que se gere um canal de comunicação em massa na Umbanda, haverão problemas ainda.

JUCA: A Um­banda vem se tornando mais conhecida, e com isso es­tá se distanciando do candomblé e do espiritismo. Então podemos dizer que ela vem se setori­zando?

RUBENS SARACENI: Está havendo um grande movimento de identificação, que inclusive conta com meu apoio. Grandes líderes candomblecistas vêm se esforçando para dar uma identidade ao candomblé. Embora seja a casa mãe de todos os cultos de nação africana, eles estão lutando para preservar sua identidade. Eu acho isso muito positivo e tenho lutado para dar à Umbanda essa identidade também. A partir do momento que ela se distancia do Candomblé e do Espiritismo, ela assume uma identidade como religião. Não falo em separação, mas em assumir uma identidade pública. Ninguém pode assumir uma identidade dupla. Na lei dos homens, é qualificado como falsidade ideológica. Na religião é como acender uma vela para dois deuses. Apesar de serem três religiões mediú­nicas, são distintas, com doutrinas e ensinamentos específicos.

JUCA: Ainda existe preconceito e intolerância contra a Umbanda?

RUBENS SARACENI: Sim. A Umbanda apesar de ser a religião mais tolerante que existe, é a mais intole­rada. Não apenas por membros de ou­tras religiões, mas pelos próprios um­ban­distas, que não a assumem. Existe uma intolerância latente, que torna comum frases do tipo “umbandista é assim mesmo”... Existem muitas denúncias de intolerância contra os trabalhos umbandistas, algumas culminando até com o fechamento dos templos espirituais. Esses fatos foram se somando e levaram a necessidade de pensarmos numa reação positiva, criando um movimento que congregasse todas as vertentes em torno de propostas que beneficiariam a todos. O maior entrave está sendo a dificuldade de mobilização. Sem um respaldo, como chegar diante do Poder Público com meia dúzia de gatos pingados?

JUCA: Qual seria a solução?

RUBENS SARACENI: Hoje há um chamado da espiritualidade no sentido de diminuir distâncias entre as lideranças. O lado material da Umbanda precisa mostrar-se coeso. Hoje estão surgindo várias iniciativas neste sentido, e eu entendo isso como um chamado do Astral. Há uma iniciativa por parte do SOUEESP que visa reunir periodicamente essas lideranças para se conseguir maior motivação e mobili­zação dos umbandistas. Toda iniciativa tem um saldo positivo. São sementes que estarão sendo lançadas e as que caírem em solo fértil, prosperarão. Há uma resistência dos próprios umbandistas que vem se tornando cada vez mais evidente. Muitos relutam em tornar isso público. Muitos fazem trabalhos maravilhosos, mas ficam restritos aos seus próprios Centros. Isso precisa ser mudado, eles precisam dar o seu voto de confiança para a religião, expondo-se publicamente, para que se crie a sensação de grandiosidade, que existe, mas está oculta. Os umbandistas ainda não entenderam que as mobilizações são motivadoras para novas adesões. Nós somos muitos, e existe uma maioria silenciosa que está crescendo. Ainda é uma coisa de boca a boca, fica restrito aos fundos dos quintais. Quando o umbandista descobrir o seu poder de mobilização, e ver nesse poder uma forma de valorização da sua religião e da sua religiosidade, aí a Umbanda conquistará o seu espaço público e vai adquirir respeitabilidade. Essa mobilização vai trazer o reconhecimento da Umbanda como religião.

OBJETIVOS DA CORRENTE ASTRAL DE UMBANDA





a) Apontar o egoísmo como causa de todos os males e sofrimentos
humanos;
b) Ajudar os médiuns a tornar suas faculdades mais elevadas, a fim de
faze-los missionários de luz;
c) Repelir todo e qualquer movimento de intransigência ou preconceitos
de qualquer espécie, que venham a ferir os estados de consciência dos
seres humanos;
d) Propagar a tolerância – nenhuma entidade de Umbanda pergunta a
crença de quem vem lhe pedir ajuda;
e) Auxiliar a evolução de todos os que ainda se encontram em “campos
agrestes”, ou seja, em faixas evolutivas inferiores, sejam encarnados
ou desencarnados;
f) Fomentar a humildade – todas as entidades de Umbanda se apresentam
na forma de caboclos, pretos velhos e crianças, escondendo sua
“identidade”;
g) Implantar o Amor e a Caridade nos corações.

RITUAIS DE UMBANDA – podem ser divididos em três aspectos:

a) Sistema de cerimônias simples – expressão puramente religiosa,
mística, que envolve cânticos, velas, rezas, flores etc;

b) Sistema de cerimônias complexas – operações para fins de magia, em
que usam objetos relacionados aos espíritos superiores ou inferiores;

c) Sistema de cerimônias para evocação ou desenvolvimento de dons
mediúnicos – enfeixa os dois acima citados;

Esses três aspectos não deviam ser misturados, mas não existe templo
que não os processe ao mesmo tempo, por desconhecerem o ângulo correto
de cada um.

Quanto aos apetrechos, muito do que é usado vem da própria ignorância
dos encarnados, a qual os espíritos toleram e gradativamente vão
ensinando o que é ou não realmente necessário ao ritual. Alguns
exemplos:

- Tambores: A mediunidade, para ser positiva, exige paz e
concentração. Isto é basicamente impossível, ao som de palmas,
atabaques e gritos. A excitação provocada por estes sons é responsável
por incontáveis casos de médiuns pulando, gritando, tomando atitudes
esquisitas etc, quando não de casos de pura excitação anímica.

- Guias e Colares: existem guias para uso externo que só servem para
ação sugestiva ou atrativa. Não imantam nada. Por outro lado, há guias
para uso “interno” que só são preparadas a pedido da entidade e têm
uma finalidade própria.

- Pontos Cantados: Os pontos de raiz são dados pelas entidades, sendo
uma prece ou hino de força, que fazem uma ligação fluídica com as
Entidades da Corrente de Umbanda. Porém, estão longe de ser os sambas
e batuques, que apresentam as entidades com expressões tolas e
engraçadas, que proliferam nos discos vendidos por aí.

- Pontos Riscados: existem duas formas de aplicação de sinais riscados
– uma externa, exotérica; e outra interna, esotérica – sendo que a
primeira é a mais vista nos terreiros, muito influenciada pelo
elemento humano. A forma esotérica é de uso exclusivo das entidades,
que só o fazem quando há uma finalidade. Os pontos riscados
representam clichês astrais que são a forma fluídica de determinadas
classes de elementais. São ordens astrais e só são ensinadas a médiuns
que estejam aptos a lidarem com elas.

- Oferendas – Na Umbanda, as oferendas são as do coração, do
sentimento e do pensamento para Deus, Jesus e todas as Potências
Celestiais. Aos Espíritos, nos seus diferentes graus de evolução e
entendimento, ou seja, aos que sentem necessidade e se comprazem com
oferendas, a estes sim elas são encaminhadas, de acordo com as
afinidades vibratórias relacionadas com cada elemental. Portanto, as
oferendas existem, mas nunca são feitas para Deus, Jesus ou os Orixás.
São sempre para os espíritos que estão “dentro” da faixa de cada
Orixá.

Fonte Umbanda Online

COBRAR, PAGAR E RECEBER






COBRAR,PAGAR E RECEBER

Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre, seguindo por longa estrada.

Ao passarem próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido.

Verificaram e descobriram um homem caído. Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próxima ao coração.

Tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência.

Com muita dificuldade, mestre e discípulo o carregaram para o casebre rústico, onde viviam. Lá trataram do ferimento.

Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca.

Disse também que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse.

Disposto a partir, o homem disse ao sábio: "Senhor, muito lhe agradeço por ter salvo a minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti."

O mestre olhou fixo para o homem e disse:
"Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz."

O homem ficou assustado e disse:
"Senhor, é muito dinheiro. Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!"

Com serenidade, tornou a falar o sábio: "Se não pode pagar pelo bem que recebeu, com que direito quer cobrar o mal que lhe fizeram?"

O homem ficou confuso e o mestre concluiu: "Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que aconteçam em sua vida, pois a vida pode lhe cobrar tudo de bom que lhe ofereceu."

O ENCANTO DOS ORIXÁS - (Leonardo Boff)





Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuína brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.
O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.
O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento incessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso país criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe-Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteísmo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.
A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.
Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York, que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos, elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título: O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T.S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.
Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem, também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.
Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.

* Teólogo, autor de Meditação da Luz, o caminho da simplicidade. Vozes 2009.

HOMENAGEM AOS PRETOS VELHOS DE UMBANDA !


13 DE MAIO


UM DIA MUITO IMPORTANTE PARA A UMBANDA E OS UMBANDISTAS EM

GERAL !

UMA DAS ENTIDADES MAIS CARISMÁTICAS DA UMBANDA NO BRASIL.

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HOJE OS ATABAQUES VÃO BATER MUITO ALTO !

COMO DIZEM OS PRETOS VELHOS DE UMBANDA :

" CURIMBA DE PRETO VELHO COMEÇA QUANDO O DIA O DIA AMANHACE !!! "

HOMENAGEM À TODOS OS PRETOS E PRETAS VELHAS NO SEU DIA ... 13 DE MAIO ...

SARAVÁ !

VIVA AS ALMAS

A DISCIPLINA DO PENSAMENTO



O pensamento, nos dizem, é criador.

Não atua somente ao redor de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; age sobretudo em nós.

Gera nossas palavras, nossas ações, e com ele construímos, a cada dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura.

Assim, pouco a pouco, nosso ser se povoa de formas frívolas ou austeras, graciosas ou terríveis, grosseiras ou sublimes; a alma se enobrece, se adorna de beleza ou cria uma atmosfera de feiúra...

As vibrações de nossos pensamentos, de nossas palavras, ao se renovarem no sentido sublime, nobre e uniforme, expulsam de nós os elementos que não podem vibrar em harmonia com elas; atraem elementos similares que acentuam as tendências do ser.

Se meditarmos sobre assuntos elevados, sobre a sabedoria, o dever, o sacrifício, nosso ser se impregna pouco a pouco das qualidades de nosso pensamento.

A prece, a comunhão pelo pensamento com o universo espiritual e divino, é o esforço da alma para a beleza e a verdade eternas; é a entrada por um instante nas esferas da vida real e superior, a vida que não tem limites.

Se, ao contrário, nosso pensamento é inspirado pelos maus desejos, pela paixão, pela inveja, pelo ódio, as imagens que cria sucedem-se, acumulam-se em nosso corpo fluídico e o tornam tenebroso.

Assim, podemos, à vontade, fazer em nós a luz ou a sombra.

Somos o que pensamos e por essa razão devemos pensar com força, vontade, persistência.

Poucos homens sabem viver do seu próprio pensamento, beber nas fontes profundas, nesse grande reservatório de inspirações que cada um traz em si, mas que a maioria ignora.

Antes de tudo, é preciso aprender a controlar nossos pensamentos, a discipliná-los, a lhes imprimir uma direção precisa, um objetivo nobre e digno.

O domínio dos pensamentos acarreta o controle dos atos, porque se uns são bons, outros o serão igualmente, e toda a nossa conduta se encontrará regulada por um encadeamento harmônico.

(Léon Denis).

A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS

(Doutrina Umbandista e Estudos Espiritualistas)






A Mediunidade através dos Tempos







Estudando as civilizações da Terra, vamos observar que a mediunidade tem-se manifestado, em todos os tempos e em todos os lugares, desde as mais
remotas épocas. A crença na imortalidade da alma e a possibilidade da
comunicação entre os "vivos" e os "mortos" sempre existiu.

Ao observarmos o passado, evocando a lembrança das religiões desaparecidas, das crenças mortas, veremos que todas elas tinham um ensinamento dúplice: um
exterior ou público, com suas cerimônias bizarras, rituais e mitos, e
outro interior ou secreto revestido de um caráter profundo e elevado. Os
aspectos exteriores eram levados ao povo de um modo geral, enquanto que
o aspecto interior era revelado apenas a indivíduos especiais. Chamados
"iniciados" por algumas religiões, estes eram preparados desde a
infância, às vezes por 20 a 30 anos.

Julgar uma religião, apenas levando em consideração o seu aspecto exterior, será o mesmo que apreciar o valor moral de uma pessoa por suas vestes. Analisando o
aspecto interior destas religiões, observaremos que todos os
ensinamentos estão ligados entre si como uma única doutrina básica, que
os homens trazem intuitivamente, desde um passado longínquo. Vamos
observar alguns aspectos interessantes das religiões do passado.

Índia

Na Índia, berço de todas as religiões da Humanidade, temos o Livro dos Vedas, datado de aproximadamente 1.500 a.C., que tem sido reconhecido como o mais antigo
código religioso da Humanidade; são quatro livros cujo conteúdo
principal são cânticos de louvor. Os Brâmanes, seguidores dos Vedas,
acreditam que este código religioso foi ditado por BRAHMA. Nos Vedas
encontramos afirmativas claras sobre imortalidade da alma e a recriação:

"Há uma parte imortal no Homem, o AGNI, ela é que é preciso rescaldar com teus raios, inflamar com os teus fogos(...). (...)Assim como se deixam as vestes
gastas, para usar novas vestes, também a alma deixa o corpo usado para
recobrir novos corpos."

Ainda na Índia, encontramos KRISHNA, educado por ascetas nas florestas do cume do Himalaia, inspirador de uma doutrina religiosa, na verdade um
reformulador da Doutrina Védica. Deixa claro a idéia da imortalidade da
alma, as reencarnações sucessivas, e a possibilidade de comunicação
entre vivos e mortos:

"O corpo envoltório da alma, que nele faz sua morada, é uma coisa finita, porém a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna." "Todo renascimento feliz ou
infeliz é conseqüência das obras praticadas em vidas anteriores."

Estes são alguns aspectos dos ensinamentos de KRISHNA, que podem ser encontrados nos livros sagrados, conservados nos santuários ao sul do Industão.

Também na Índia, 600 a.C., vamos encontrar Siddartha Gautama, o Buda, filho de um rei da Índia, que certo dia saindo do castelo, onde até então vivera, tem
contato com o sofrimento humano e, sendo tomado de grande tristeza,
refugia-se nas florestas frias do Himalaia e, depois de aproximadamente
15 anos de meditação, retorna trazendo para a Humanidade uma nova
crença, toda baseada na caridade e no amor:

"Enquanto não conquistar o progresso (Nirvana) o ser está condenado a cadeia das existências terrestres."

"Todos os Homens são destinados ao Nirvana."

Buda e seus discípulos praticavam o Dhyana, ou seja, a contemplação aos mortos: "Durante este estado, o Espírito entra em comunicação com as almas que
já deixaram a Terra."

Egito

No Egito, o culto aos mortos foi muito praticado. As Ciências psíquicas atuais eram familiares aos sacerdotes da época; o conhecimento das formas fluídicas e do
magnetismo eram comuns. O destino da alma, a comunicação com os mortos, a
pluralidade das existências da alma e dos mundos habitados eram, para
eles, problemas solucionados e conhecidos. Egiptólogos modernos,
estudando as pirâmides, os túmulos dos faraós, os papiros, deixam claro
todos estes aspectos reconhecendo a grande sabedoria deste povo. Como em
outras religiões, apenas os iniciados conheciam as grandes verdades, o
povo, por interesse de poder dos soberanos, praticamente mantinha-se
ignorante a este respeito.

China

Na China, vamos encontrar Lao-Tsé e Confúcio, 600 a 400 a.C., que com os seus discípulos (iniciados), mantinham no culto dos antepassados a base de sua fé.
Neste culto, a idéia da imortalidade e a possibilidade da evocação dos
mortos era clara.

Israel

Cerca de 15 séculos antes de Cristo, Moisés, o grande legislador hebreu, observando a ignorância e o despreparo de sue povo, procura através de uma lei
disciplinar, educar os hebreus com relação a evocação dos mortos. Se
houve esta proibição, é claro que a evocação dos mortos era comum entre
este povo da Antiguidade. Moisés assim se referiu:

"Que ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade."

Não havia chegado o momento para tais revelações.

Estudando a vida de Moisés, vemos que ele era possuidor de uma mediunidade fabulosa que possibilitou o recebimento dos "Dez Mandamentos", no Sinai, que até hoje
representa a base dos códigos de moral e ética no mundo.

Grécia

Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Vários filósofos, desta progressista civilização, se referem a estes fatos: Pitágoras (600 a.C.) Astófanes,
Sófocles (400 a.C.) e a maravilhosa figura de Sócrates (400 a.C.). A
idéia da unicidade de Deus, da pluralidade dos mundos habitados e da
multiplicidade das existências era por eles transmitidas a todos os seus
iniciados. Sócrates, o grande filósofo, aureolado por divinas
claridades espirituais, tem uma existência que em algumas
circunstâncias, aproxima-se da exemplificação do próprio Cristo:

"A alma quando despida do corpo, conserva evidentes, os traços de seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida."

Jesus

Jesus, o Médium de Deus, teve sua existência assinalada por fenômenos mediúnicos diversos. O Novo Testamento traz citações claras e belas de mediunidade
em suas mais diferentes modalidades.

Idade Média

A Idade Média foi uma época em que o estudo mais profundo da religião era praticado apenas por sociedades ultra-secretas. Milhares de vidas foram sacrificadas sob a
acusação de feitiçaria, por evocarem os mortos.

Nesta época, tão triste para a Humanidade, em vários aspectos, podemos citar como uma grande figura, Joana D'arc, que guiando o povo francês, sob orientação
de "suas vozes", deixou claro a possibilidade da comunicação entre os
vivos e os mortos.

O Espiritismo

Foi no século XIX (1848), na pacata cidade de Hydesville, no estado de New York (EUA), na casa da família Fox, que o fenômeno mediúnico começaria a ser conhecido
em todo o mundo.

Chegara o momento em que todos as coisas deveriam ser reestabelecidas. Foi quando surgiu no cenário terrestre, aquele que deu corpo à Doutrina dos Espíritos:
Hippolyte Léon Denizar Rivail, ou ALLAN KARDEC, como ficou conhecido.

Em 1855, com a idade de 51 anos, Kardec iniciou um trabalho criterioso e científico sobre o fenômeno mediúnico e após alguns anos de estudos sistematizados lançou,
em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espíritos; em 1859 - O Que é o
Espiritismo; em 1861 - O Livro dos Médiuns; em 1864 - O Evangelho
Segundo o Espiritismo; em 1865 - O Céu e Inferno e em 1868 - A Gênese.

Graças ao sábio lionês tivemos a Codificação da Doutrina Espírita reconhecida como a Terceira Revelação, o Consolador Prometido por Jesus.

CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Estudos sobre Mediunidade