BLOG - UMBANDA PARA O MUNDO

Blog voltado às informações e conceitos da Umbanda Blog criado para divulgação de tudo que diz respeito à Umbanda e aos umbandistas, crenças e cultos afins, no Brasil e no mundo.

ARMADILHAS DO EMOCIONAL







ARMADILHAS DO EMOCIONAL
Estar sempre vigilante.

As pessoas se iludem com aspectos personalistas das entidades, se deixam levar criando uma mitologia toda própria de suas entidades e se sentem parte disto, como se afirmar personalidades fosse algo bom ou desejável na Umbanda ou em qq religião.

Tudo que faz crescer na Umbanda nos alerta para a necessidade da diminuição do ego e do entendimento de que estamos apenas de passagem por aqui e por estas cascas de carne e mentalidades que compõem nossos corpos densos, como solução para isso a Umbanda,humildemente assim entendo, busca a integração de todos os aspectos da personalidade, TODOS, e portanto não dá preferência ou melindra qualquer parte que compõe nosso eu, isso também se reflete no trato com as entidades e ganha talvez algumas diferenças conforme se orienta a ética e a forma dos trabalhos e ritualística seguida por cada um.

Não estou dizendo que alguns se apropriem das experiências e histórias de suas entidades, muito embora isto também ocorra, estou falando que acho absurda a extrema valorização de umas entidades em detrimento de outras e de algumas características de entidades claramente ainda em desenvolvimento como se fossem verdadeiros mestres, tudo isso me soa como armadilhas de nosso emocional, e o mais grave é que alguns sabem disso e fingem-se desentendidos.

A necessidade de construir uma vida mais bonita e feita de algo maior que nós mesmos, negando a verdade tosca de nossa existência, justificando maus hábitos e comportamentos viciosos com o velho "mas faço a caridade em meu terreiro uma vez por semana", "minha entidade é tão boa" ou "tão sábia", e esquecem de buscar a boa ética e a sabedoria em suas ações.

Terreiros estão cheios disso, mares de pessoas seguindo como gado sem pensar e refletir sobre suas próprias vidas e motivações e defendendo a todo o custo seus velhos e maus hábitos viciosos.

O que acontece é que as entidades espirituais passam a representar para alguns, a maioria em algum momento do caminho, a possibilidade de uma nova história de vida, de novas experiências e novas personalidades que os médiuns erroneamente associam como pertencentes a eles, com isto enchem suas vidas de fantasias e de novas possibilidades de personificar novos papéis, tudo se faz por personalismo e pela afirmação de emoções e "fatos" que em verdade não os pertencem, afastam-se das próprias vidas cheias de coisas comuns, de sentimentos banais e de defeitos que tentamos simular ou esconder.

"sou assim porque sou de escorpião"
"sou assim e não mudo"
"tenho tal fulano que me protege e era soldado de confiança de um grande rei"
"sou cavalo do exú tal"
"são as energias de Seu Fulano"

Tudo falta de equilíbrio e desconhecimento que nós somos sempre responsáveis únicos e absolutos por tudo em nossas vidas, e que as mudanças ocorrem o tempo todo e portanto integrar todos os aspectos de nossa personalidade pode significar ser mais aberto ao novo e mais livre de influências aprisionadoras do nosso emocional, sempre pronto a nos enredar em suas armadilhas de manter confortáveis nossas mentiras diárias.

Não se espante, acho exatamente o que escrevi e por vezes vejo isso também em mim, estar atento e vigilante para não se deixar enredar pelas próprias mentiras é um ato de disciplina diário e necessário, principalmente para médiuns de Umbanda, e não estou imune a isto.

Vamos fazer a vida com mais verdade, sem fantasias tolas.
Edgar - Comunidade Amigos, Umbanda e Espiritismo

VÍDEO - CABOCLOS DE OXÓSSI



Oxóssi, o Orixá da caça e da fartura, protetor das matas, dos animais da floresta e dos caçadores. A coleta e a caça são as formas mais primitivas da busca por alimento, são esses os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar sua tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza. Veste-se de verde, azul turquesa e vermelho. Sempre traz consigo o seu Ofá (arco e flecha).
Na mitologia Yorubá, Oxossi era ajudante do irmão Ogum e carregava suas armas. Certo dia, numa das caçadas, encontrou Ossain, que vivia na floresta e era um mago. Ossain enfeitiçou Oxossi que ficou servindo à ele por algum tempo. Quando o efeito do feitiço passou, Oxossi quis voltar para casa, mas sua mãe Iemanjá não o aceitou. Então, Oxossi voltou para a mata e foi morar com Ossain, que lhe ensinou todos os mistério da floresta e de seus habitantes. Desde então, Oxossi se tornou um grande caçador, passando a garantir a alimentação da família e defendendo os animais e plantas de pessoas que matam sem necessidade.

CURIOSIDADES NA UMBANDA !





Cusiosidades na Umbanda :



A ORIGEM DO HINO DA UMBANDA:

O Hino da Umbanda foi composto na década de 60, por um cego, que em busca de sua cura foi procurar ajuda do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Não conseguindo por ser sua cegueira kármica, fez o hino da Umbanda para mostrar que poderia ver o mundo e nossa religião de outra maneira. Embora não tenha conseguido sua cura, ficou apaixonado pela religião..
As iniciais de seu nome J. M. Alves, e segundo consta já desencarnou e infelizmente não existem registros sobre seu nome completo.
Apresentou o hino ao caboclo das sete encruzilhadas que gostou tanto que resolveu apresentá-lo como Hino da Umbanda.
Em 1961, no 2º Congresso de Umbanda, presidido pelo Sr. Henrique Landi, o hino foi oficialmente adotado como oficial da nossa amada Umbanda.

SABÃO DA COSTA….DA COSTA…DA AFRICA :

Por volta do início do século XVI (1501), navegadores ibéros, senhores dos 7 mares, passaram a designar toda a Costa Atlântica AFRICANA e seu interior imediato como COSTA e o que dali procedesse como DA COSTA. sabao-da-costa

Segundo relatos da época, de Cronistas e Viajantes portugueses, o SABÃO DA COSTA era importado pelo Brasil desde pouco depois de 1620.

Era o preferido dos escravos e libertos. Ele era oriundo de uma área entre GANA e CAMARÕES, e principalmente da NIGÉRIA, da República do BENIM e do TOGO.

Há praticamente 400 anos, garantem relatos de Cronistas e Viajantes da época, o Brasil importava um SABÃO DA COSTA da África que era usado por escravos e libertos.

Por que SABÃO DA COSTA ?
Porque é antigo. A palavra SABONETE é incorporada ao português somente na virada para o século 19 quando no Brasil “tudo” era “francês” e o “SAVONETE” dos franceses é aportuguesado. Antes disso era SABÃO mesmo. Mesmo os franceses continuam dizendo SAVON, os espanhóis dizem JABÓN (RABÓN) e os ingleses SOAP (SOLP) e portanto não deveria haver esse tipo de ‘distinção’.
O SABÃO DA COSTA mantém o nome SABÃO por uma questão de tradição.
O SABÃO DA COSTA é um sabão sólido, de cor parda-escura tendendo a preta, feito com ervas medicinais (nó de pinho, óleo de côco, benjoin, juá, etc) e além de ser usado prá descarrego promove uma profunda limpeza corporal sempre que usado normalmente durante o banho, combate a caspa, cravos, espinhas, manchas escuras, coceiras e fungos do couro cabeludo além de controlar o mau cheiro produzido pelo suor.
Oxé dudu era o nome dado pelos africanos ao sabão da costa.

“Quem não pode com mandinga não carrega Patuá” :

Mandinga = Povo de uma tribo na costa africana onde hoje é a Etiopia

Existe uma ligeira confusão de que a palavra Mandiga trata-se de feitiço, o porque desta confusão, é em virtude da seguinte e celebre frase: “quem não pode com Mandinga Não carrega Patuá”.patua

Então vamos lá, no tempo da escravidão uma variedade de escravos de etnias diferentes foram trazidas ao nosso continente entre eles “Os mandingas”, quem eram negros do continente Africano no lado oriental da africa .

Estes negros tinham como como religião a mulçumana, que se baseia no alcorão, eram instruidos e sabiam ler e escrever na lingua arábica e cumpriam a risca os mandamentos do alcorão: rezar virado pra Meca 6 vzs ao dia, etc… tambem eram submissos aos seus patrões pois entediam que deveriam cumprir o destino a eles destinado por Alá… assim ganhavam a confiança dos feitores das fazendas e tinham mais liberdades que os outros escravos e eram sempre galgados ao posto de Capitão do mato, posto este que lhe davam o direito de caçar negros fujões.

Estes “Mandingas” carregam uma pequena bolsa de pano pendurado ao pescoço que davam o nome de “Patuá”, e dentro dessa pqna bolsa havia uma página do alcorão , para que o mesmo pudesse fazer a oração diaria… os negros observam que qdo fugia um “Mandiga” e era encontrado por um capitão do mato também “Mandiga” nada acontecia com o mesmo, então esses negros passaram a fazer um pqno saco igual aos dos mandigas e carregarem ao pescoço e qdo fugiam imaginavam eles que nada lhes aconteceria, mas ledo engano… um mandiga qdo encontrava outro abria o saco retirava a folha do Alcorão e lia o texto , ai o bicho pegava… os outros negros não sabiam ler e colovavam dentro do patuá uma folha de papel qualquer, o Mandinga se revoltava e irado com o ocorrido não contava tempo matava o negro Fujão… daí advem a celebre fraze acima “quem não pode com mandinga não carrega patuá”

Azeviche :

Azeviche: s.m. Carvão compacto usado como gema. O azeviche teve um uso muito difundido no império romano, que transportavam o produto da Inglaterra para Roma. Seu uso era muito associado ao luto e na confecção de objetos esotéricos, como a figa de azeviche, que servia, no pensar das romanas, para afastar as serpentes.figa-azeviche

De dureza 2 a 2,5 e textura muito fina e compacta, o azeviche apresenta um aspecto negro aveludado com polimento e se presta para trabalhos de escultura. Pode conter fósseis e pirita, originada da reação do enxôfre vegetal com o ferro. No século XIX o azeviche foi muito usado na joalheria de luto. Hoje seu uso é restrito a certos círculos esotéricos.

Tal como o âmbar, o azeviche quando atritado por um pano adquire eletricidade estática, podendo atrair pedaços de papel.

Por ser uma material de origem orgânica (Não é mineral) o azeviche pode se ressecar e ficar tomado por rachaduras.

Produtores: É produzido em muitas partes do mundo, onde ocorre jazidas de carvão. Em Whitby, North Yorkshire, Inglaterra, ocorre um azeviche que pode conter inclusão de amonitas, com os quais se pode preparar belas jóias.”

CONGÁ OU ALTAR :

O Congá é um núcleo de força, em atividade constante, agindo como centro atrator, condensador, escoador, expansor, transformador e alimentador dos mais diferentes tipos e níveis de energia e magnetismo.

É ATRATOR porque atrai para si todas as variedades de pensamentos que pairam sobre o terreiro, numa contínua atividade magneto-atratora de recepção de ondas ou feixes mentais, quer positivos ou negativos.

É CONDENSADOR, na medida em que tais ondas ou feixes mentais vão se aglutinando ao seu redor, num complexo de cargas positivas e negativas, produto da psicosfera dos presentes.

É ESCOADOR, na proporção em que, funcionando como verdadeiro fio-terra (pára-raio), comprime miasmas e cargas negativas e as descarrega para a Mãe-Terra.

É EXPANSOR, pois que, condensando as ondas de pensamentos positivos emanados pelo corpo mediúnico e assistência, os potencializa e devolve para os presentes.

É TRANSFORMADOR no sentido de que, em alguns casos e sob determinados limites, funciona como um reciclador de lixo astral, condensando-os, depurando-os e os vertendo, já reciclados, ao ambiente de caridade.

É ALIMENTADOR, pelo fato de ser um dos pontos do templo a receberem continuamente uma variedade de fluidos astrais, q além de auxiliarem na sustentação da egrégora da Casa, serão o combustível principal para as atividades do Congá.

O Congá não é mero enfeite; tão pouco se constitui num aglomerado de símbolos afixados. Congá dentro dos Templos Umbandistas tem fundamento, tem sua razão de ser, pois é pautado em bases e diretrizes sólidas, lógicas, racionais, magísticas, sob a supervisão dos mentores de Aruanda.

Qual o objetivo da DEFUMAÇÃO ?

Geralmente as defumações atrativas somente podem ser feitas depois do ambiente descarregado e limpo. As defumações atrativas em vias gerais são feitas de fora para dentro do ambiente mudando seus elementos conforme as energias que quer atrair.

Já a de descarga deve ser feita de dentro para fora e seus elementos também variam confomre a necessidade do ambiente e situação; eguns, kiumbas (obessores), fluidos negativos, demandas, etc.

Guias (fio de contas) na Umbanda :

Conhecidas também como “Cordão de Santo”, “Colar de Santo” ou “Guias”, são ritualisticamente preparadas, ou seja, imantadas, de acordo com a tônica vibracional de quem as irá utilizar (médium e entidade), e conforme o objetivo a que se destinam.

São compostas de certo número de elementos (contas de cristal ou louça, búzios, Lágrimas de Nossa Senhora, dentes, palha da costa, etc.), distribuídos em um fio (de Aço, Náilon ou fibra vegetal), obedecendo a uma numerologia e uma cromologia adequada; ou ainda, de acordo com as determinações de uma entidade em particular o Candomblé.

As contas de louça lembram, por sua composição, a mistura de água e barro, material usado para criar o mundo e os homens, por isso são as mais usadas.

Para que servem:

• Têm poder de elevação mental. Se utilizadas durante um trabalho espiritual, tem função de servir como ponto de atração e identificação da vibração principal e/ou falange em particular, atuante naquele trabalho, servindo assim como elemento facilitador da sintonia para o médium incorporado. Elas nos auxiliam em nossas incorporações, pois estas atraem a “energia” particular de cada entidade, captando e emitindo bons fluidos, formando assim, um círculo de vibrações benéficas ao redor do médium que as usa.

• Servem como pára-raios. Se há uma carga grande, ao invés desta carga chegar diretamente no médium, ela é descarregada nas guias, e se estas não agüentarem, rebentam.

• Podem ser utilizadas pelo médium, para “puxar” uma determinada vibração, de forma a lhe proporcionar alivio em seus momentos de aflição.

Tocar o chão e os nove planos :

Acreditavam os nagô que existiam nove espaços (planos) no além. Entre os quatro superiores e os quatro inferiores, havia um plano intermediário que se localizava (exatamente) no espaço ocupado por nosso planeta; esse seria o plano astral terrestre. Era através desse espaço que chegavam à Terra os orixás e ancestrais vindos dos vários outros planos.

Surgiam, pois, para os nagô, os orixás e ancestrais de dentro da Terra. Assim, quando desejam chamar os orixás, os nagôs tocavam três vezes os solo (após o nome do orixá ser pronunciado).

O solo diante dos tambores também era tocado (antes ou depois de tocarem com os dedos o próprio atabaque), afinal, quem chamava (através do som) os orixás eram os tambores.

O solo era sempre tocado três vezes; o três representa na cultura nagô ação, movimento, expansão … Tocar o solo três vezes era o gestual que significava o “assim seja”, o cumpra-se … Então quando, por exemplo, o nome de Ogum pronunciado, todos tocavam três vezes o solo; “assim seja”, “que Ogum venha até nós”…

No Brasil, os africanos, para consagrar o solo, para transformar o terreiro em uma pequena África, enterravam relíquias trazidas (da África) … tranformando (ritualmente) o solo brasileiro em solo africano (”chão” dos seus orixás).

Tirar os sapatos :

Os escravos, mesmo os que serviam de criados na Casa Grande, ainda que fossem uniformizados, não podiam usar sapatos. Os pés descalços eram um símbolo de usa condição “inferior”.

Os negros quando libertos, assim que podiam compravam um par de sapatos, uma demonstração (dentro dos valores da sociedade branca) de sua nova condição.

Entretanto, quando entravam em seus espaços sagrados, seus templos, pequenas Áfricas, deixavam aquele símbolo (os sapatos) na entrada. Afinal, estavam em solo africano (pequena África), ali os valores da sociedade branca nada significavam.

É claro que tem também a ver com respeito ao solo sagrado, acredito, mas essa outra perspectica é muito interessante.

Rostos Cobertos :

Das coroas (adê) da realeza nagô, pendia uma cortina de franjas de miçangas (imbé). O povo não podia ver os rostos dos reis e rainhas … a face da realeza não era acessível aos mortais (os reis tinham origem divina).

O imbé é um paramento também usado por muitos orixás (a realeza cósmica).

O ATO DE BATER CABEÇA :

Robson Sciola
O ato de bater cabeça, talvez seja a parte da ritualística umbandista cuja simbologia esteja no inconsciente coletivo da humanidade desde o princípio dos tempos.yawo2
O ato de levar a cabeça ao solo é encontrado, praticamente, em todas as religiões e foi trazido para alguns protocolos do mundano tendo em vista que em muitas sociedades os seus soberanos eram tidos como representantes terrenos da divindade.

Seu significado pode ser interpretado como (reconhecimento da) submissão do ser humano diante da onipotência da deidade, muitas vezes representada através de fenômenos da Natureza. Ou seja, a aceitação de nossas limitações diante daquilo que não podemos controlar. Trata-se, portanto, de um sinal de respeito e de entrega.
Também pode ser entendido como representação de humildade, bem como uma forma de agradecimento (p.e., à Mãe-Terra que, através de seus mistérios, nos dá tudo o que nos sustenta e mantém).
Pode-se, então, dizer que na Umbanda bater cabeça significa respeito pela deidade, orixás, guias e entidades que são representadas tanto pelo congá ou congar, como por pontos de força ou energia (a tronqueira e os atabaques), e ainda nas figuras dos sacerdotes e sacerdotisas ou mais velhos na religião.
A ritualística pode variar de terreiro para terreiro, função de doutrina e fundamentos próprios.

DE JOELHOS SIM !!!

Gero Maita
Dentro das várias ritualísticas que se desenvolvem nos terreiros de Umbanda, é comum vermos principalmente no início e término dos trabalhos espirituais o corpo mediúnico com os joelhos no chão. Alguns vêem esta postura como arcaica e sem sentido, porém nunca se deram ao trabalho de analisarem detidamente tal comportamento.
É de conhecimento geral que as primeiras religiões do globo terrestre já inseriam em seus rituais o Ajoelhar , exteriorização de respeito junto ao Criador e também manifestação de humildade que todos devem ter, seja para com o Divino, seja para com o próximo. Da mesma forma, o ato de postar-se de joelho fazia e faz ver aos fiéis que assistiam ou assistem uma manifestação de religiosidade, a seriedade, o respeito e a simplicidade do sacerdote, frente ao plano espiritual superior.
A implantação do ajoelhar-se tem como finalidades mostrar a Deus todo o nosso carinho, obediência, respeito e amor e o quanto somos pequeninos diante do universo criado por Ele; e para passar à assistência que aquele espaço de caridade tem a exata noção do papel que desempenha como instrumento de trabalho dos bons espíritos.
Infelizmente, é do conhecimento de todos que, ao lado de criaturas humildes, simples, meigas e caridosas que estão sempre dispostas a dar seu suor à Umbanda, existem outras tantas orgulhosas, vaidosas, “auto-suficientes” , que procuram a todo custo imporem-se aos demais, maximizando suas “qualidades” e minimizando as virtudes alheias.
Ostentam falsas conquistas, querendo submeter todos a seus caprichos. Contudo, nada mais doloroso e incômodo para estas pessoas do que ficar em posição de subserviência, de aparente inferioridade. Tal postura lhes sangra a alma e lhes oprime o pétreo coração.
Suas visões ofuscadas não conseguem enxergar que tal rito é para seu próprio bem, para sua própria libertação dos sentimentos mesquinhos e posterior elevação espiritual, pois auxilia na quebra da vaidade e da soberba. Alguns até podem dizer que ao postar-se de joelhos, o médium pode ter em mente pensamentos diametralmente opostos àquela posição. Mas aí, meus irmãos, é que termina a tarefa dos encarnados e inicia-se o processo de assepsia e lapidação dos arrogantes e vaidosos, levados a efeito pelos amigos de Aruanda , e assim, dando luz a estas pessoas e reconduzindo- as ao rebanho Divino.
Joelhos ao chão sim !!!!

ACENDER VELAS :

A vela acesa dentro do terreiro tem o objetivo de movimentar ou colocar em ação a “energia ígnea”, tal qual o charuto aceso, o alguidar com álcool, o carvão…vela
A Umbanda, na sua essência e por ser mágica, trabalha com os elementos da natureza: – água, ar, terra, fogo, mineral, vegetal e mineral.
A energia ígnea além de transmutar é também um condutor energético. Esta energia é fundamental ao equilíbrio mental no campo da razão. A absorção dela é vital para que alcancemos um ponto de equilíbrio em todos os sentidos da Vida. Assim como cada substância tem seu ponto de equilíbrio, medido em graus Celsius ou Fahrenheit, nós também temos esse ponto. e dependendo da absorção dessa energia ígnea, tanto podemos acelerar quanto paralisar nosso racional, deixando de usar a razão e recorrer à emoção ou aos instintos. O uso religioso das velas justifica-se porque quando as acendemos, elas tanto consomem energias do prana quanto o energizam, e seus halos luminosos interpenetram as sete dimensões básicas da vida, enviando a elas suas irradiações ígneas e conseqüentemente nossos pedidos feitos.

CANTO DO APRENDIZ.

ACEITANDO A MEDIUNIDADE





ACEITANDO A MEDIUNIDADE


Depois dos primeiros indícios do afloramento da mediunidade os médiuns menos teimosos buscam auxílio com pessoas mais experientes, sejam outros médiuns ou estudiosos do assunto.

MUITO CUIDADO NESSE MOMENTO, todo o trabalho de preparação montado pelos mentores pode desmoronar porque a pessoa que foi falar com o médium é um radical ou alguém que usa o contato com o plano espiritual para obter benefícios próprios.

Depois de aceitar a mediunidade o médium deve ter paciência, embora seja difícil porque muitas vezes está desesperado com as sensações mediúnicas. Contudo, querendo ou não ele deverá esperar, porque o alívio será gradual e o controle somente ocorrerá depois de algum tempo de aprimoramento.

Vamos abordar algumas dúvidas comuns para os que sentem sua mediunidade aflorar de forma descontrolada.

NÃO ADIANTA FUGIR OU FINGIR,VOCÊ SEMPRE SENTIRÁ

Mediunidade é uma aptidão, o médium foi preparado antes de nascer para obter uma sensibilidade que está além do seu estado evolutivo, seu corpo astral e etérico estão preparados para comunicação (de acordo com o tipo de mediunidade) com o mundo espiritual, por isso não adianta achar que “aquela sensação” não acontecerá novamente.

O estudo e aprimoramento são importantes porque o médium passa a entender suas sensações (perde o medo) e também a manter contato com espíritos superiores, que trazem sensações suaves e agradáveis. Falaremos mais sobre esse assunto no item 5.

Alguns médiuns são afastados do trabalho mediúnico quando chegam a idade avançada, já que existe um desgaste físico, principalmente em reuniões de desobsessão. Nesses casos o médium cumpriu seu “mandato” mediúnico, sendo sempre auxiliado por seu mentor.

Allan Kardec fala sobre o assunto no Livro dos Médiuns:

"Para isso, em vez de pôr óbices ao fenômeno, coisa que raramente se consegue e que nem sempre deixa de ser perigosa, o que se tem de fazer é concitar o médium a produzi-los à sua vontade, impondo-se ao Espírito. Por esse meio, chega o médium a sobrepujá-lo e, de um dominador às vezes tirânico, faz um ser submisso e, não raro, dócil. "

NÃO ADIANTA FAZER "TRABALHOS" PARA "FECHAR"

A aptidão do médium é um presente dado por Deus, é uma oportunidade recebida para acelerar sua evolução espiritual e ao mesmo tempo auxiliar os irmãos que sofrem na Terra.
Não é possível que espíritos ajam contra a vontade do Pai, retirando a mediunidade.

Os trabalhos podem isolar temporariamente o médium ou colocar um espírito "de guarda" para que ninguém se aproxime (isso só funciona para espíritos inferiores), contudo, cedo ou tarde o médium sentirá novamente o contato com o mundo espiritual, muitas vezes de forma mais agressiva ou intensa do que tinha anteriormente.

Existem casos em que o médium é muito novo ou por algum motivo excepcional pede que seja temporariamente atenuada sua sensibilidade para que no futuro ela possa desenvolver sua faculdade com segurança e harmonia. Isso pode acontecer, contudo, é raro e é necessário autorização dos espíritos superiores.

Não adianta orar e pedir que isso aconteça devido a problemas egoístas, isso não vai adiantar, embora o médium não lembre, foi ele solicitou a mediunidade.


NÃO PAGUE A MÉDIUNS QUE SE DIZEM TERAPEUTAS

Assim como aconteceu comigo, alguns médiuns ficam desesperados quando a sua mediunidade aflora e morrem de medo de ir ao centro espírita porque acham que quando colocarem o pé nessas casas vão começar a gritar e cantar, perdendo o controle sobre si mesmo.
Isso não é verdade, aliás, muito pelo contrário, como falamos em artigos anteriores uma casa de trabalhos espirituais é protegida por espíritos que não permitem a entrada de quem não é desejado.

Bom, pelo motivo citado acima muitos procuram (como eu fiz) alguém que possa ajudá-lo, e, muitas vezes acabam caindo em "consultórios" de médiuns que chamamos de mercenários ou interesseiros, porque cobram pelos dons espirituais que possuem.

Esses médiuns não são indicados para acompanhar o aprimoramento mediúnico e não devem ser seguidos porque ao seu lado estão falanges de espíritos ainda despreparados para tarefas de tão grande responsabilidade. Alguns podem até ter algum conhecimento espiritual, mas não tem o grau de evolução suficiente para guiar um médium em sua tarefa espiritual, os mentores da Umbanda e de Centros Espíritas se especializam em auxiliar médiuns, além de possuírem um grau de evolução que lhes permite um contato mais puro com o Pai, desprovido de interesses próprios.
Os médiuns interesseiros são subjugados por essas falanges que só ajudam quando existe algum interesse envolvido. Alguns não são maus, contudo, ainda são egoístas e interesseiros.

Volto a dizer, lugar de médium se tratar é no Centro Espírita ou Templo de Umbanda, primeiro participando do tratamento e palestras, depois estudando e finalmente, se assim desejar, iniciando o aprimoramento mediúnico para utilizar sua aptidão em favor do próximo.

"TERRORISMO ESPIRITUAL" IHHH...TEM QUE TRABALHAR

Infelizmente muitos médiuns esquecem de como chegaram ao centro que hoje freqüentam, é muito humano o esquecimento, a vaidade, o orgulho, a sensação de superioridade.
Por terem encontrado no trabalho espiritual uma fonte de luz acreditam que essa é a solução, se trabalhar espiritualmente o seu problema acaba.

Esquecem que o médium descontrolado que pede ajuda está massacrado pelo mundo espiritual (para ele o astral inferior é o mundo espiritual, ele só conhece o que sente) e o querido amigo médium fala para ele que ele tem que trabalhar....???!!

Tenhamos um pouco de sensibilidade e humildade, uma conversa amiga, um conselho, ouvir o que o irmão precisa falar, é disso que ele precisa.

O médium descontrolado não pode ser obrigado a trabalhar, se o mentor que o acompanha não se faz visível e fala que ele tem que trabalhar então que dirá do médium que o recebe no centro.

Na hora certa ele poderá escolher, porque o trabalho mediúnico tem que ser realizado de corpo e alma, restrições, mudanças, muita força de vontade, coragem, perseverança, etc... Não se pode obrigar ninguém a fazer isso, é uma opção e ela tem que vir de dentro.

Temos a obrigação de aconselhar o estudo, mostrar a importância da freqüência ao centro, falar sobre o Evangelho no Lar, etc.

Existem também alguns que se aproximarão da casa espírita como doadores de energia, sua presença é importantíssima para os trabalhos de cura ou de desobsessão, não é obrigatório que ele se aprimore mediunicamente, seu infinito amor por Jesus é importante para auxiliar nas reuniões.

Cada médium deve trilhar o seu caminho, o mentor estará sempre próximo, fazendo o possível para auxiliar, mas o médium deve fazer as suas escolhas e se responsabilizar por elas, pois caso contrário não terá evoluído.

Muitos querem ser fantoches, mas isso não é a vontade do guia espiritual, seu maior desejo é o crescimento espiritual do pupilo, mesmo que seja mais demorado, difícil e doloroso.

O MELHOR LUGAR PARA O MÉDIUM SE TRATAR

Mesmo que o médium em desequilíbrio não deseje “aprender” a controlar a sua mediunidade, ele deve freqüentar um centro para receber o tratamento espiritual. Serão afastados obsessores, ele receberá algumas instruções sobre o que sente e receberá passes de limpeza e vitalização. Com o decorrer do tratamento ele se sentirá mais tranqüilo e poderá avaliar melhor o que está passando.

A grande maioria dos centros SÉRIOS possuem tratamento espiritual, QUE NUNCA É COBRADO e que NÃO OBRIGA ninguém a se tornar médium. O paciente pode freqüentar a casa durante o tempo que desejar, sem ter nenhuma obrigação de se tornar médium, qualquer casa que fale o contrário não deve ser freqüentada, pois ninguém pode obrigar um médium a trabalhar.

As seguintes opções devem ser descartadas para tratamento e aprimoramento do médium em desequilíbrio:

• "Terapeutas Espirituais" que cobram pelo serviço.

• Aprimoramento mediúnico com um amigo médium ou amigo do amigo que conhece.

É muito importante que o médium freqüente uma casa espírita, mesmo que opte por não fazer parte do corpo mediúnico. Sua hipersensibilidade precisa de ambientes que o acalmem e que possibilitem o contato com energias superiores.

O contato com a natureza, banho de mar, cachoeiras, lugares silenciosos e arejados são de grande importância para manutenção do padrão vibratório do médium.
Umbanda online.

A ASSIMETRIA DO SAGRADO NAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS



A ASSIMETRIA DO SAGRADO NAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

“O SAGRADO TRANSCENDE AS RELIGIÕES”

No estudo da sociologia aprendemos que a religião é uma instituição social. Das instituições é a única que não se baseia apenas em necessidades físicas do homem (Durkheim). É um fenômeno social que é universal, pois pode ser encontrado em todas as sociedades.

Infelizmente, no ocidente é problemático relacionar as religiões com o Sagrado, pois quando pensamos nas religiões, pensamos nas religiões abraâmicas ou religiões do livro (Tradição Escrita).

Pode-se fazer uma crítica aos teólogos que ironizavam as concepções religiosas orientais e valorizavam as ocidentais. Apontam diretamente para as “três principais” religiões: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

As características fundamentais, o tripé ideológico em que se sustenta as religiões ocidentais é: dogma, fé e tradição escrita. O dogma tem conceitos que são inquestionáveis, não se modificam, portanto imutáveis. A fé, o homem de fé é aquele que acredita, por ser temente a Deus (claro que não todos), mas sem maior incursão à lógica e ao bom senso.

A tradição escrita, torá (Judaísmo), bíblia (Cristianismo) e corão (Islamismo) valoriza-se sobremaneira o que foi escrito (palavra dos profetas) em detrimento da Tradição oral, fator decisivo nas Religiões Afro-brasileiras. É nevrálgica a comparação tradição oral e tradição escrita. Tem-se a tradição escrita como a revelação feita pelos profetas, portanto verdadeira, logo...

A desvalorização da tradição oral é “comprovada” por vários cientistas, para os quais não há nexo em algo que não seja da tradição escrita, mesmo que esta seja uma interpretação do ensinamento oral.

Outro fator que devemos levar em consideração é o projeto revelação, que é o ato de “fundar a verdade” a qual foi revelada a um profeta. A mesma compreende o que revela (divino, espíritos, anjos, etc) e o que recebeu a revelação (profeta).

A revelação e todo seu séquito de deduções é um processo inquestionável e imutável (estaticidade da tradição). É essencialmente exclusiva, não havendo espaço para outras verdades. Pior é que se excluem outras formas de observar, de saber e vivenciar (viver) o Sagrado. Desde o momento que foi escrita, há uma definição para todo o sempre (imutável).

Alguns cientistas sociais ou de outras disciplinas como Max Miller, num acinte ao respeito às diferenças, sentenciou que os maravilhosos aforismos do Vedanta Advaita (Vedanta monista) tão bem manifestos por Shankara, eram infantis se comparados com os fundamentos das religiões abraâmicas. Como qualificar suas afirmações? De etnocêntricas, de intolerantes ou preconceituosas?

Deixaremos a resposta ao leitor, todavia podemos entender melhor o porquê de muitos preconceituarem as Religiões Afro-brasileiras, calcadas felizmente na tradição oral. Pelos motivos aludidos podemos entender o porquê das Religiões Afro-brasileiras não serem codificadas, permitindo várias maneiras de interpretá-las e não apenas uma.

O homem do século XXI lê a bíblia escrita no início do século I, sem nenhuma mudança, num verdadeiro congelamento histórico e espiritual. Esses fatos levaram a um constante conflito entre religião e ciência, pois as religiões abraâmicas, que não estamos criticando, apenas constatando, dizem estar com a verdade absoluta (imutabilidade) enquanto a ciência admite várias verdades, que se sucedem com o passar do tempo, o que achamos justíssimo, pois se tudo já foi revelado, como explicar as iniqüidades, desigualdades e violências várias na sociedade planetária?

Constatando mais uma função do complexo abraâmico, o salvacionismo, em que o prosélito é salvo, podemos questionar: por que é salvo? Salvo de que? “É salvo só por crer”. O processo salvacionista fundou e divulgou a dicotomia maniqueísta bem e mal. “Os que crêem são do bem”, os que não crêem são do mal.” O bem é seguir os dogmas, a verdade revelada que consegue neutralizar todo e qualquer mal. Os que são prosélitos de outros setores filosófico-religiosos são do mal, e portanto condenados a arder no fogo do inferno. Claro que, entre os ímpios e pagãos, incluem os adeptos das Religiões Afro-brasileiras e os de outras religiões não abraâmicas.

No geral as religiões abraâmicas e muitas outras, por nós respeitadas, não aceitam ou permitem outra “verdade” que não a sua verdade, num total desrespeito às diferenças e a alteridade, algo que discordamos in totum.

Como podem as religiões competir entre si? E mais, fazer proselitismo negando, criticando outras religiões? Não entendemos o sagrado desta maneira, mas entendemos muito bem o porquê de tais distorções, que esbarram em aspectos mercadológicos, políticos e econômicos. Mas que fazer?...

Rudolf Otto teólogo luterano escreveu no século XIX, não obstante concordar com a tradição do livro (Pentateuco, Novo Testamento, Corão) escreveu que havia uma profunda distorção entre os métodos utilizados pelas religiões (racionais) e o sagrado (irracional).

Na citação superficial de Otto percebemos que ele luziu de forma ímpar ao determinar que os métodos religiosos eram singulares, enquanto o sagrado era comum a todos os setores filosófico-religiosos, ponto de contato entre eles. Se tomarmos como verdadeiro sua assertiva somos levados a concluir que o sagrado foi interpretado por vários povos à sua maneira, fazendo surgir as várias religiões.

Até aí ótimo! O problema é que cada grupo quis ser dono do sagrado, segundo sua visão, ou melhor, segundo suas “religiões”, e isto fomentou várias dissensões em todos os níveis, gerando violências várias, inclusive o morticínio patrocinado por várias “guerras santas”

O resumo que fizemos de alguns fatos insólitos e escabrosos das “religiões”, não do sagrado, foi trazido ao Brasil a partir do século XVI.

Obvio que não discutiremos quinhentos anos de religiões no Brasil, mas não podemos olvidar os motivos que os europeus liderados pelos portugueses (pois também estiveram espanhóis, franceses, holandeses e outros) vieram fazer no Brasil. Vieram aumentar suas divisas econômicas, suas riquezas, seus processos expansionistas que culminaram num desalmado colonialismo predatório em todos os níveis.

Não discutiremos a história política e econômica da Terra de Santa Cruz, mas os efeitos que violaram por completo os direitos humanos (ah! Não existia na época!?) e o respeito as diferenças culturais. Imagine se o europeu do século XVI iria respeitar culturas primitivas e pagãs? Claro que não. Iriam aculturar, os primitivos e nisto incluía-se catequizá-los. Pobres aborígenes brasileiros, que desde o século XVI até os dias atuais (século XXI) encontram-se sob o jugo das idiossincrasias dos civilizados, mas não menos ensandecidos por uma ganância política que não olvida seus famélicos desejos econômicos, mesmo que para isto o social seja descartado.

Não demorou muito para vir ao Brasil a malfadada mão de obra escrava oriunda em primeira instância do Golfo da Guiné, onde muitos irmãos de pele escura perderam não somente a liberdade, mas a dignidade humana, algo que prevaleceu ou prevalece até os dias de hoje.

Não bastou a farsa da libertação dos escravos, pois na realidade não se libertou ninguém, condenou-se sim, à pior de todas as prisões, a do abandono, do desprezo por suas vidas e, finalmente, pela total discriminação e exclusão social. Libertou-se para que sofressem mais, pois de que adianta libertar e depois aprisionar num sistema de total exclusão levando-os à miséria com a crueldade de deixá-los sucumbir de inanição em todos os níveis.

Muitos podem questionar: seria melhor que permanecessem como escravos? Claro que não. Desejaria que não tivessem vindo como escravos, quanto mais que fossem. O que discutimos é que a escravidão continua hoje, não só para os nossos irmãos negros, mas para muitos miseráveis e estes são brancos, negros, mestiços, índios, enfim a maioria da população que vive de forma subumana, o que é lamentável para um mundo de alta tecnologia e ciência avançada, mas que não consegue vencer a enorme desigualdade existente, onde muitos não têm nada e poucos têm tudo.

Os leitores poderão questionar que isto em nada tem em comum com o tema religioso, pois isto que discutimos é uma incursão nos âmbitos social, político e econômico. É verdade! Mas será que podemos dissociar o Sagrado do cultural, social, político e econômico? Senão, vejamos porque no Brasil surgiram as Religiões Afro-brasileiras como forma de resistência às hostes das sombras físicas e hiperfísicas.

Desde o encontro de indígenas brasileiros, europeus (indo-europeus) e africanos teve início o gérmen das Religiões Afro-brasileiras.

Sim, os indígenas sofreram influências substanciais dos europeus (principalmente católicos), o mesmo acontecendo com os africanos aportados no Brasil oriundos de diversos rincões africanos (grupos sudaneses e bantos).

Estava delineada a formação do povo brasileiro com suas três matrizes formadoras: a indígena, a européia e a africana. Mas o povo brasileiro é um povo mestiço, pois é a convergência das três matrizes formadoras, portanto não mais ameríndio, europeu ou africano. É apenas brasileiro. É o ponto máximo de convergência, onde se mantém a essência das três matrizes formadoras, mas que desaparecem na forma, para dar lugar a uma nova matriz - a brasileira.

No atinente às expressões religiosas seriam várias as fases formadoras das Religiões Afro-brasileiras, pois elas antes de alcançarem o ponto, a regra de ouro da convergência, de forma atraumática, passaram pelo processo de sincretismo, sendo este uma forma inteligente de atenuar a intransigência do colonizador e propiciar o diálogo com o mesmo.

Há várias Religiões Afro-brasileiras como: Pajelança, Toré, Xambá, Babassuê, Terecô, Tambor de Mina, Jurema, Batuque, Xangôs, Candomblé de Caboclo, Omolocô, Umbanda Traçada, Umbanda Iniciática, Umbanda Mista, Umbanda de Mesa, Umbandaime, Umbanda Branca entre outras denominações.

Neste artigo não nos ateremos ao mito fundante de cada religião afro-brasileira (se é que houve), nos ateremos ao fato de que todas têm em comum: tradição oral, rituais, transe (culto aos ancestrais ilustres) ou culto aos deuses (Orixás, Inquices ou Voduns), música (ilus, ngomas ou tambores) estado superior de consciência.

A Umbanda, tida como religião de matriz brasileira (as outras também foram forjadas em solo brasileiro) sofreu influências das três matrizes formadoras (indígena, européia e africana), mas o nó górdio continua sendo seu mito de fundação, o que achamos dispensável, todavia se houve não pode ter sido pontual, é efeito de uma construção coletiva, e nunca individual. Também somos contrários aos que afirmam que a Umbanda surgiu na segunda ou terceira década do século XX, como uma religião essencialmente nacional, para seguir o nacionalismo getulista. Isto é algo que refutamos, pois nossas pesquisas nos fazem escrever que desde o século XIX tínhamos uma construção coletiva manifestada em Juca Rosa, no Rio de Janeiro, que já citava a “entidade espiritual” Tio Zuza e Pai Quibombo. Num segundo momento em Sorocaba, interior do estado de São Paulo, João de Camargo também fez cultos muito próximos do que na atualidade se conhece como de Umbanda. (Pena Branca)

No século XX, acreditamos que por fatores políticos os poderosos da época quiseram que um indivíduo branco “fundasse a Umbanda” com dia, hora e local previamente marcados. Isto sim fazia parte do embranquecimento, já que o “próprio fundador” Zélio de Morais, dizia-se de origem kardecista. Não teria sido isso uma cartada política para segregar ainda mais as religiões indígenas e africanas, que tinham sacerdotes de origem indígena ou africana? Enfim, há várias interpretações que devem ser respeitadas...

Para nós as Religiões Afro-brasileiras e nelas incluímos a Umbanda é fundamental a tradição oral, apesar de vez por outra alguém querer codificá-la, ou seja, torná-la Tradição escrita, e seu codificador dono da Umbanda, algo que jamais acontecerá, pois a Umbanda é de todos nós, nos foi outorgada pelos Orixás e Ancestrais Ilustres e não pelos homens; sim, a Umbanda surgiu de cima (Orixás) para baixo (homens), e não o contrário.

Na atualidade, demos nossa contribuição às Religiões Afro-brasileiras quando afirmamos que a Umbanda é uma idéia que se expressa em várias linguagens, sendo todas elas importantes e de igual valor. Muitos afirmaram que queríamos ditar norma para a Umbanda. Ao contrário, pois o conceito de Escola Umbandista (às várias linguagens de Umbanda), por nós exaustivamente discutido, é um antídoto à codificação, pois a mesma engessaria, faria ter somente uma linguagem (exclusão), enquanto Ela é símbolo de inclusão total.

Embora tenhamos fundado a Faculdade de Teologia Umbandista, autorizada pelo MEC, desde 2004, temos sérias restrições à tradição escrita. Como já escrevemos a palavra dos profetas quando escritas foram adulteradas, ou escritas segundo a interpretação de quem a escreveu.

Por dentro das Religiões Afro-brasileiras tivemos a visão preconceituosa de Roger Bastide que cunhou o vocábulo Umbandização, como algo deletério, como impureza. Tanto é verdade que qualquer culto que recebera influência da Umbanda, que para ele era impura (sincrética) ele dizia ter sofrido o fenômeno Umbandização. No mínimo, na atualidade, seria preconceito e forma de exclusão.

Para nós Umbandização é algo inovador, que refunde, renova os cultos. A maioria dos cultos já sofreu Umbandização, pois a tradição não é estática, é viva, portanto em constante mudança.

Outros autores no século passado afirmaram da inoperância dos medicamentos das Religiões Afro-brasileiras, denominando seus sacerdotes mais dignos de charlatães, os quais, não raras vezes, foram constrangidos, quando não detidos em penitenciárias públicas. Hoje, todavia, a própria medicina oficial acadêmica estuda em curso de pós-graduação, lato sensu ou stricto sensu a fitoterapia (que em verdade é o estudo das ervas consagradas pelos terreiros).

A perseguição não foi só acadêmica, portanto institucionalizada, onde alguns cientistas prestaram total desserviço à comunidade brasileira, quando começaram a discutir a religião como processo mercadológico (marketing religioso).

Não procuraram entender o que na realidade sucedia. Só se interessaram em afirmar que havia uma migração de prosélitos das Religiões Afro-brasileiras para as igrejas evangélicas, especificamente as neopentecostais.

Ao contrário da Umbanda e das Religiões Afro-brasileiras que não fazem proselitismo, as igrejas neopentecostais estão ávidas por prosélitos, e seu alvo são os adeptos das Religiões Afro-brasileiras. Afirmam aos prosélitos, que tudo lhes vai mal à vida, pois fizeram pacto com o demônio (Guias e Orixás). Os que acreditaram nessa balela são exorcizados, afastando-lhes os demônios. (Será mesmo?)

Está claro que estas igrejas sobrevivem à custa dos demônios dos terreiros, caso contrário não sobreviveriam. Portanto, para eles é bom que tenham demônios, caso contrário...

Por outro lado ao exorcizarem “nossos demônios” (que são responsáveis por todos os males do mundo, inclusive os políticos, sociais?!!) estão legitimando nossas entidades. Mas não são os que afirmam não acreditar nos espíritos? Também não são os políticos que pleiteiam cargos eletivos? Será que eleitos exorcizarão os demônios da desigualdade, da exclusão, da pobreza, ou isto também é devido aos “demônios” das Religiões Afro-brasileiras? Ora senhores...

Como sempre, fiquemos atentos aos fariseus de todos os tempos. O pior é quando vemos alguns adeptos das Religiões Afro-brasileiras afirmarem que desejam ser políticos (eleitos) para lutarem contra as nefandas ações por nós citadas, algo que achamos falacioso, demagógico. Outros mais afirmam que precisamos de política idêntica a das igrejas que combatemos. Quem é que entende isto? É ou não incoerência, ou outra coisa pior?

Não seria esse um dos motivos da ciência oficial acadêmica desdenhar das religiões? Não dialogar com elas? Felizmente com a fundação da FTU - Faculdade de Teologia Umbandista, que é patrimônio das Religiões Afro-brasileiras, conseguimos esse diálogo, tanto que já protagonizamos dois congressos, com o aval da academia (muitos acadêmicos de estofo foram palestrantes) e de sacerdotes de escol, que procuram o processo dialógico com vários setores da sociedade, inclusive com a ciência.

No encerramento, afirmamos que a religião tem que dialogar com a ciência, suprimindo o conflito, buscando a interação a qual promove a convivência pacífica.

Nosso pensamento é que o sagrado transcende as religiões, sendo portanto assimétrico. A assimetria do sagrado se deve ao fato das religiões vê-lo de várias maneiras diferentes, e isto permite a interação e a paz entre os homens. E nisso as Religiões Afro-brasileiras são os principais exemplos desta interação. Afirmamos, pois que todas as religiões são necessárias, mas são visões particularizadas do sagrado. Assim sendo toda religião é legítima, pois é uma forma de perceber o sagrado. Para nós o sagrado é uma forma de conhecimento que se manifesta na religião, na filosofia, na arte e na ciência. As mesmas diferem segundo nossa visão, o quanto possuem de abstrato-concreto ou inconsciente-consciente.


Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico

Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”

ONDE ESTÁ A NOSSA FÉ ?





Onde está a nossa fé?
Escrito por Humberto Pazian

Podemos, de uma forma bem simples, entender a fé como a certeza de que Deus nos ama e que tudo que a vida nos apresenta é para nosso bem. Quantos discursos já não ouvimos em nome do poder de um pensamento positivo? Quantos artigos e livros já não lemos discorrendo sobre o poder da mente? Quantas e quantas vezes não ficamos demoradamente a refletir sobre essa força maravilhosa da fé? E, assim mesmo, quantas vezes nos falta esse sentimento quando nos deparamos com as dificuldades!

Não falo em nome de todos, isso é óbvio, mas acredito que para um grande número de pessoas isso acontece; a falta de fé.

A fé e o espiritismo

Aprendemos na doutrina espírita que nascemos, ou melhor, renascemos neste planeta para continuarmos nossa evolução espiritual. Isso quer dizer que aqui estamos para aprendermos novas lições, reaprendermos as não assimiladas, para conhecermos e superarmos nossas fraquezas, consolidarmos nossas virtudes, nos reabilitarmos perante aqueles que prejudicamos (nesta ou em outra encarnação) e perdoarmos quem nos agride, entre tantos outros propósitos que poderíamos enumerar. Observando a vida dessa forma, fica mais fácil compreendermos que, com tantas atividades inerentes ao nosso aprendizado, é natural que, de vez em quando, tenhamos alguns contratempos, alguns dissabores, desilusões e outros tipos de “dores”, como também teremos momentos de grande alegria e prazer. O tempo e a intensidade do nosso sofrimento ou prazer estará sempre relacionado com nossa forma de “sentir a vida”.

Já percebeu como reagimos de forma diferente aos acontecimentos ou situações da vida? Tomemos como exemplo um dia frio e chuvoso de inverno. Talvez um de nós diga que o dia está cinzento e feio e que fica muito triste num dia assim, enquanto outro possa sentir-se confortável e propenso a reflexões e ajustes no seu trabalho ou vida particular, e sinta até uma grande paz. Se perguntássemos a mais pessoas, outras opiniões divergiriam das nossas com toda a certeza.

Os “problemas” da vida se processam da mesma forma, pois dificuldades todos nós temos, momentos de incertezas, de dor, de inquietações são comuns a todos nós, só que a maneira de reagirmos a eles é que diferem. É a força da nossa fé que vai fazer com que o sofrimento dure um maior ou menor tempo, e ainda, se ele existirá ou não.

Deus em nós

Podemos, de uma forma bem simples, entender a fé como a certeza de que Deus nos ama e que tudo que a vida nos apresenta é para nosso bem, tudo mesmo. Compreendendo a vida atual como uma sala de aula e nós como alunos aplicados, fica fácil entender que quanto mais nos aplicarmos aos estudos, mais fácil ficará o aprendizado e mais tranqüila as provas de conhecimento. Falar, bem sei que é fácil, mas, ter a confiança de que somos orientados e conduzidos por mãos hábeis e bondosas não é impossível, pois precisamos analisar se acreditamos ou não em Deus.

Cada um de nós deve ter uma concepção diferente de Deus, mas seja ela como for, é de grande importância que nos habituemos a sentir a presença Divina em todos os momentos; tanto nos de alegria como nos de tristeza, nos de paz ou de guerra; quando estivermos agindo bem e quando não estivermos também. Se vivermos de acordo com a base religiosa que todos nós temos, se colocarmos realmente em prática o “seja feita a Tua vontade”, viveremos então com fé e sentiremos a Presença Divina em nós.

A observação das leis da vida é muito importante, mas é na prática delas que conheceremos seus resultados, e já que todos nós entendemos o valor da fé, façamos nosso dever de casa vivendo com entusiasmo e com a certeza de que a paz, o amor e a alegria são nossa meta final.

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 21.