BLOG - UMBANDA PARA O MUNDO

Blog voltado às informações e conceitos da Umbanda Blog criado para divulgação de tudo que diz respeito à Umbanda e aos umbandistas, crenças e cultos afins, no Brasil e no mundo.

ARMADILHAS E CILADAS NO CAMINHO DA ESPIRITUALIDADE






ARMADILHAS E CILADAS NO CAMINHO DA ESPIRITUALIDADE


"Nas minhas viagens pela vida como ser espiritual, psicólogo espiritualista e discípulo do caminho, tomei consciência de muitas das armadilhas e ciladas que se encontram no caminho espiritual. Considero-me até especialista no assunto, pois tive a experiência de cair na maioria delas.
Recomendo, convicto, a meditação sobre a lista que apresento a seguir. Embora breve em palavras, é profunda em intuições.
O meu propósito ao partilhar estas situações é poupar, ao maior número de pessoas possível, sofrimento desnecessário, carma negativo e os atrasos no caminho da ascensão, provocados pelo desconhecimento e pela ignorância. O caminho espiritual é bastante fácil num plano e incrivelmente complicado em outro. O ego negativo e as forças das trevas espalham sedução e apegos, imensos complexos e ardilosos desafios em cada passo do Caminho. Cometer erros e cair nessas armadilhas é normal. A minha preocupação é evitar que as pessoas que buscam o seu Caminho, fiquem enredadas nas ciladas por longos períodos, ou mesmo vidas inteiras."

Eis, então, as armadilhas e as ciladas mais comuns:

1. Abrir mão do seu poder pessoal, concedendo-o a outras pessoas, à mente subconsciente, ao ego negativo, aos cinco sentidos, ao corpo físico, ao corpo emocional, ao corpo mental, à criança interior, a um guru, aos mestres ascensionados, a Deus, a tudo o que for externo.

2. Amar os outros, mas não a si mesmo.
3. Não reconhecer o ego negativo como fonte de todos os problemas.
4. Concentrar-se em Deus, mas deixar de integrar e educar de modo correto, a sua criança interior.
5. Comer incorretamente e não fazer exercícios físicos suficientes, o que resulta em doença física e limitação nos outros níveis.
6. Mergulhar profundamente na vida espiritual, mas não reconhecer o plano psicológico, que precisa ser compreendido e dominado.
7. Desejos, desejos e mais desejos materiais.
8. Exercer poder sobre os outros depois de alcançar o sucesso.
9. Desligar-se demais das coisas da Terra, o que prejudica o corpo físico.
10. Tentar escapar da Terra, em vez de criar o Céu na Terra.
11. Ver apenas as aparências, em vez de observar a verdadeira realidade que está por detrás de todas as aparências.
12. Tentar tornar-se Deus, em vez de perceber que você já é o Eu Eterno, como todas as outras pessoas o são.
13. Não perceber que você é a causa de tudo.
14. Servir os outros totalmente, antes de se tornar auto-realizado dentro de si mesmo.
15. Pensar que existe algo que se possa chamar de raiva justificada. A raiva é uma armadilha perigosa.
16. Tornar-se um extremista, e não ser moderado em todas as coisas.
17. Pensar que precisa ser asceta para tornar-se um ser espiritual.
18. Tornar-se sisudo demais, deixando de ter alegria, felicidade e diversão suficientes na vida. Não há ascensão sem alegria.
19. Ser indisciplinado e deixar de perseverar incessantemente nas suas práticas espirituais.
20. Abandonar as práticas e estudos espirituais quando se envolve num relacionamento.
21. Dar prioridade a um relacionamento, em detrimento do si e do seu processo interno. Essa é outra armadilha traiçoeira.
22. Deixar que a criança interior governe a sua vida.
23. Ser crítico demais e duro demais para consigo mesmo.
24. Deixar-se enredar pelo glamour e ilusão dos poderes psíquicos.
25. Tomar posse do seu poder pessoal, mas não aprender ao mesmo tempo a submeter-se ao seu Cristo interno.
26. Abrir mão do seu poder pessoal quando estiver fisicamente cansado.
27. Esperar que Deus e os mestres ascensionados resolvam todos os seus problemas.
28. Viver no piloto automático e relaxar a vigilância.
29. Entregar o seu poder a entidades que se possam comunicar consigo.
30. Ler demais e não meditar o bastante.
31. Deixar que a sexualidade o domine, em vez de dominá-la.
32. Identificar-se excessivamente com seu corpo mental ou emocional, sem atingir o equilíbrio.
33. Pensar que precisa ser um canal para outras vozes, ver ou experimentar toda a espécie de fenômenos mediúnicos a fim de se tornar espiritualizado ou ascender.
34. Forçar a elevação da sua kundalini.
35. Forçar a abertura dos seus chakras.
36. Pensar que o seu caminho espiritual é melhor que o dos outros.
37. Julgar as pessoas em função do nível de iniciação que alcançaram.
38. Partilhar o seu nível "avançado" de iniciação com outras pessoas.
39. Contar aos outros o seu "bom trabalho espiritual", em vez de simplesmente centrar-se na sua humildade. "Não saiba a tua mão esquerda o que fez a tua mão direita".
40. Pensar que as emoções negativas são algo imprescindível.
41. Isolar-se dos outros e achar que isso é ser espiritualista.
42. Considerar a Terra um lugar terrível.
43. Entregar o seu poder à astrologia ou à influência dos astros, como fatores externos e incontornáveis.
44. Apegar-se demais às coisas e às pessoas.
45. Viver desapegado demais com relação à vida; não se esforçar rumo ao desapego envolvido.
46. Viver preocupado demais com o eu; e não se dedicar o suficiente a servir os outros.
47. Enredar-se nas numerosas teorias equivocadas da espiritualidade tradicional, pois cada uma delas não passa de uma fina fatia da torta inteira.
48. Ser místico demais ou ocultista demais, e não se esforçar para integrar os dois lados.
49. Desistir no meio das grandes adversidades. Essa é uma das piores armadilhas. Nunca desista. Nunca, jamais deve desistir!
50. Achar que o sofrimento que o incomoda - seja em que nível for - não irá passar.
51. Concentrar-se demais no nível de iniciação que alcançou, ou aguardar com ansiedade exagerada o momento da ascensão, em vez de se preocupar com o trabalho que precisa ser feito.
52. Deixar-se enredar pelos poderes espirituais em vez de reconhecer que o amor é, de entre todos, o maior poder espiritual
53. Denegrir outros grupos espiritualistas, em vez de buscar o trabalho conjunto e a unificação, mesmo que esses grupos não estejam inteiramente sintonizados com todas as suas crenças.
54. Deixar-se enredar no dogma da religião tradicional, ou quaisquer outros dogmas.
55. Pensar que precisa de um sacerdote, que aja como intermediário entre si e Deus.
56. Usar as suas crenças espirituais para gerar divisão, elitismo ou uma condição especial indevida.
57. Tornar-se fanático demais pelas suas próprias crenças.
58. Achar que pode alcançar a iluminação por meio de drogas ou algum tipo de pílula mágica. Essa é uma das piores formas de ilusão!
59. Achar que outras pessoas não precisam trabalhar no seu caminho espiritual.
60. Sobrevalorizar o relacionamento com os filhos em detrimento das relações consigo mesmo e com o seu Cristo interno.
61. Enredar-se em todas as atrações deste mundo material, realmente fascinante.
62. Envolver-se demais no amor a uma só Pessoa, em vez de expandir seu amor para englobar muitas pessoas, e todos os outros, de forma incondicional.
63. Enredar-se na dualidade, em vez de buscar equilíbrio mental, paz interior e equidade em todos os momentos; se você não transcender a dualidade, continuará a sentir-se vítima da sua própria montanha-russa emocional, sacudindo-se de um lado para o outro entre os altos e baixos da vida. A alma e o espírito pensam com uma consciência transcendente, que não tem ligação com essa lufa-lufa quotidiana.
64. Ser pai ou filho, mãe ou filha no relacionamento a dois, em vez de assumir a condição de adulto.
65. Pensar que precisa sofrer na vida. Isto é tremendamente falso!
66. Ser ou querer ser um mártir do caminho espiritual.
67. Precisar de controlar os outros.
68. Ter ambição espiritual.
69. Precisar de simpatia, amor ou aprovação.
70. Ter necessidade de ser um Mestre.
71. Ser hipersensível ou, no outro lado da moeda, duro demais.
72. Assumir responsabilidades no lugar dos outros.
73. Ser ou querer ser um salvador.
74. Servir por motivos egoístas e pensar que está a acumular mérito espiritual.
75. Pensar que é espiritualmente mais avançado do que realmente é; por outro lado, pensar que é menos avançado do que realmente é.
76. Ser famoso e cultivar a dependência da fama.
77. Dar importância indevida à busca da paixão ou da alma gêmea, e não perceber que a sua própria Alma - e a Mônada - são aquelas que, na verdade, o podem complementar e saciar interiormente.
78. Pensar que precisa de um relacionamento romântico para ser feliz.
79. Precisar ver-se no centro do palco; ou, no outro lado da moeda, preferir sempre esconder-se pelos cantos.
80. Trabalhar e esforçar-se demais, exaurindo-se fisicamente, ou, no outro lado da moeda, distrair-se demais e não se ocupar dos assuntos do Pai.
81. Buscar orientação em médiuns e não confiar na própria intuição.
82. Entregar-se, neste plano ou no plano interior, a mestres que não sejam ascensionados e que, logicamente, também têm uma compreensão e concepção limitadas da realidade.
83. Fazer do caminho espiritual um hobby, e não o "fogo devorador".
84. Perder tempo demais em frente da TV, na Internet, com jogos de vídeo, ou lendo romances fúteis, e assistindo a filmes violentos.
85. Gastar quantidades imensas de tempo e energia por falta de organização e administração adequada do tempo.
86. Pensar que discutir com os outros é algo que lhe sirva a si, ou sirva a outras pessoas.
87. Tentar vencer ou estar certo, em vez de se esforçar por amar e compreender.
88. Enfatizar demais a intuição, o intelecto, o sentimento e o instinto, em vez de perceber que tudo isso precisa ser equilibrado e integrado, cada qual na sua devida proporção; a cilada, aqui, é identificar-se excessivamente com um deles.
89. Devotar-se a um guru que o diminui e o divide, em vez de se dedicar ao Eu espiritual que é você mesmo, e cultivar o seu próprio Cristo interno.
90. Tentar permanecer aberto todo o tempo, em vez de saber como abrir e fechar o seu campo energético, de acordo com as necessidades.
91. Não saber dizer não aos outros, à criança interior ou ao ego negativo.
92. Pensar que a violência ou qualquer tipo de agressão contra os outros lhe vai trazer aquilo que você deseja, ou que sirva a Deus de algum modo.
93. Culpar Deus ou irritar-se com Ele ou contra os mestres ascensionados por causa dos próprios problemas.
94. Quando suas orações não forem atendidas, pensar que Deus e os mestres ascensionados não estão respondendo às suas preces.
95. Comparar-se com outras pessoas, em vez de perceber que somos únicos, e que as potencialidades, as circunstâncias e as vivências do outro não são as suas.
96. Pensar que ser pobre é ser espiritualizado. Pensar que é preciso ser rico para ser feliz e espiritualizado.
97. Comparar-se e competir com os outros por causa dos níveis de iniciação e ascensão.
98. Assumir o papel de vítima diante de outras pessoas ou do seu próprio corpo físico, emocional ou mental, desejos, cinco sentidos, ego negativo, eu inferior.
99. Estudar demais e não manifestar os seus conhecimentos no mundo real.
100. Pensar que o seu mau humor é a verdadeira realidade de Deus.
101. Pensar que o valor reside em fazer e alcançar coisas.
102. Pensar que você não precisa de se proteger espiritual, psicológica e fisicamente.
103. Pensar que glamour, ilusão, ego negativo, medo e separação, são a verdadeira realidade.
104. Usar açúcar, café e refrigerantes e outros estimulantes artificiais para obter energia física.
105. Tentar fazer tudo sozinho e não pedir a ajuda a Deus; ou, no outro lado da moeda, pedir a ajuda de Deus e não se ajudar a si mesmo.
106. Deixar de amar as pessoas porque elas o estão a tratar mal ou dando um exemplo negativo de egoísmo; não distinguir a pessoa de seu comportamento.
107. Perder a fé na realidade viva da Alma, da Mônada, de Deus e dos Mestres Ascensionados, e na capacidade que eles têm de ajudá-lo.
108. Pensar que apenas as outras pessoas podem atingir a ascensão, ou ser Luz no mundo, ou pelo menos não nesta vida.
110. Pensar que a Terra é uma prisão, e não reconhecê-la como um Paraíso em evolução.

"Tudo o que existe no universo divino é governado por leis - físicas, emocionais, mentais e espirituais. Aprendendo a compreender essas leis e tornando-se obediente a elas você trilhará o caminho da ascensão."

Shandar

Por Dr. Joshua David Stone

BATISMO - RITO DE BONS AUSPÍCIOS DO RECOMEÇO





Batismo - Rito de Bons Auspícios do Recomeço


Prática ritual de adesão do batizando às Religiões Afro-brasileiras, mas principalmente, uma cobertura, bons auspícios e proteção àquele que (re)começa sua vida terrena (reencarnação).

O ritual também tem a finalidade de purificar, de receber solenemente o batizando, permitindo-lhe se assim desejar, fazendo uso de seu livro arbítrio, continuar na Iniciação das Religiões Afro-brasileiras. É o primeiro passo, o início para aqueles que desejam a Iniciação, ou seja, conhecer o início de todas as coisas, inclusive de si mesmo, e isto é muito importante no processo de identificação do indivíduo consigo mesmo, com a alteridade e, principalmente, com seu destino.

Quanto ao rito em discussão nesta publicação é o de uma criança que vai receber as bênçãos do batismo (purificado pelas águas do espírito), para que possa levar a bom termo sua presente reencarnação, ou seja, seu destino. É importante que se afirme que a “criança” que sofre o batismo, pode, quando tiver plena consciência, ratificar ou retificar o ato, mas estará sempre acobertado pelos poderes das Religiões Afro-brasileiras.

O RITUAL

1. 1. A prédica versa sobre a possibilidade das múltiplas vidas e suas aberturas no consciencial do indivíduo reencarnado. Explica-se que, segundo a Teologia Umbandista, todos são filhos espirituais dos Orixás, sendo esses de origem divina, portanto pais divinos de todos os seres espirituais carnados ou descarnados, em várias dimensões do universo.

O batismo na Umbanda, nas Religiões Afro-brasileiras como um todo, prende-se ao ato de conectar o indivíduo com seu Orixá ou Pai Divino, por intermédio da purificação do Ori (cabeça) e da reestruturação das energias fundamentais para esta conexão. A essa energia primeva que permite a vida, a existência, e o poder de realização é o que denominamos Axé. Assim o batismo conecta o indivíduo com seu Orixá, por intermédio do Axé – Força Vital que a tudo preside – que reside no Ori, na cabeça – consciência – individualidade.

2. 2.Os elementos fundamentais para o rito são:

2.a. Uma pequena bacia de louça com água consagrada pelo sacerdote oficiante.

2.b. Sal acondicionado em continente pequeno, de louça branca.

2.c. Mel – idem ao item 2.b

2.d. Pó de pemba branca pilada e imantada acrescentada com ervas de Oxalá (dono do Ori).

2.e. Flores brancas (pois o batismo relaciona-se com a cabeça – Ori.

2.f. Água de Cheiro

FUNDAMENTOS DO RITO

O rito é antecedido por rezas, cânticos e gestos rituais. O batizando é chamado pelo nome três vezes, e somente após esse chamamento os pais se aproximam com a criança.

Podem também ser evocadas as presenças de padrinhos ou testemunhas que se responsabilizarão pelo batizando na ausência dos pais, e mesmo naquilo que for necessário para ele levar a bom termo sua presente reencarnação. Por isso o sacerdote quando chama os padrinhos abençoa-os com suas rezas e lhes sopra “pó de pemba” que representa as bênçãos dos Orixás.

Tudo pronto para o início do batismo. O sacerdote faz suas rezas afins ao rito, consagra os quatro cantos, invocando as bênçãos dos Orixás – os Senhores dos quatro elementos – ar, fogo, água e terra.

Em ato contínuo dá ao batizando para experimentar o sal, afirmando que isto o preservará de todos os males, conservando-o com saúde, não lhe faltando o alimento, o trabalho, o afeto e a amizade fraterna. Em seguida asperge suavemente uma pitada de sal no Ori (no alto da cabeça)

Novas rezas e cânticos, e o mel é oferecido ao batizando, dizendo-lhe: que este mel represente o doce da vida, o afeto, a alegria e a devoção que neutraliza todo ódio e desarmonias várias. A seguir verte uma gota de mel no Ori.

Continuando, pede aos padrinhos que se aproximem com as velas brancas e acesas (pequenas – delicadas), afirmando que essas luzes iluminarão seu caminho, sua jornada terrena, sendo também um escudo espiritual contra os anjos das sombras ou possíveis inimigos.

Os padrinhos entregam as velas ao sacerdote que as ergue fazendo orações em benefícios do batizando e padrinhos, para, a seguir, colocá-las no peji.

Os cânticos e as rezas se intensificam se aproxima o ponto culminante do rito.

O sacerdote pega as flores brancas (duas) pelas hastes e mergulha-as na água lustral imantada, consagrada e asperge-a no Ori do batizando. A seguir coloca uma flor na região occipital ao mesmo tempo que a outra é colocada na região frontal. Passado e futuro se entrelaçam, ancestrais e divindades são invocadas para abençoar e acobertar (proteção).

Num movimento harmonioso, mas efetivo, o sacerdote faz suas rezas e coloca as flores nos lados direito e esquerdo da cabeça da criança, invocando a proteção dos elementos masculinos e femininos afins.

A seguir sopra pemba pilada e as pétalas de flores caem de suas mãos entreabertas sobre a cabeça do batizando. Ato contínuo derrama água de cheiro no chão e pede que os caminhos do batizando sejam de paz e harmonia.

Pedindo as bênçãos dos Orixás com rezas e cânticos, diz que ele como sacerdote, em nome dos Orixás e dos Ancestrais Ilustres, considera a criança batizada segundo os preceitos das Religiões Afro-brasileiras. Que Olodumare (Tupã, Zamby), Orunmilá-Ifá (Deus da sabedoria e do destino) e todos os Orixás possam abênçoá-la com suas poderosas vibrações de paz, luz e felicidades, promotoras de um destino auspicioso.

Novos cânticos, rezas, cumprimentos, alegria e felicidade. Mais um ser espiritual abençoado e batizado pela Sagrada Corrente Astral de Umbanda e por todas as Religiões Afro-brasileiras. Aranauan, Motumbá, Axé, Saravá!


Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá

Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”

COSMOGÊNESE E PLANETOGÊNESE NA VISÃO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS





Cosmogênese e Planetogênese na visão das Religiões Afro-brasileiras

RESUMO

Os princípios espirituais, por intermédio do Poder Operante dos Orixás (Senhores da Luz Espiritual), foram manifestados na Cosmogênese. A gênese cósmica deveu-se aos Orixás, cujos poderes volitivos expressos em ciclos e ritmos particulares foram expressos na substância primeva (energia escura) subtraindo-lhe a indiferenciação e o aspecto caótico. O instante primevo da Cosmogênese, como reação ou efeito do Poder Volitivo dos Orixás, produziu três fenômenos arquetipais: luz, som e movimento.

A Planetogênese imitou a Cosmogênese (criação do cosmos). A substância fundamental do Sol (Hélio e outros elementos – luz) sofreu sobre si o Poder Volitivo dos Orixás que deu origem ao Sistema Solar. Dentro desse Sistema, focalizemos nossos estudos no Planeta Terra, nosso mundo de evolução e vida.

A matéria constitutiva do planeta Terra é, igualmente, Setenária. A Energia Bipolarizada em Energia Mental Positiva (matéria mental abstrata) e energia mental negativa (matéria mental concreta) dão origem, por rebaixamento de sua vibração essencial, à Energia Astral. A Energia Astral, por dissociação ou emissão, dá formação a quatro energias, totalizando o setenário. A Energia Astral é a base constitutiva da dimensão sutil, hiperfísica do planeta. Na dimensão grosseira, densa, é a deflagradora de quatro estados de manifestação ou concretização.

Palavras-chave: Cosmogênese, Doutrina do Tríplice Caminho, Orixás, Planetogênese, Religiões Afro-brasileiras.

ABSTRACT

Spiritual principles, through the Power of the Operant Orishas (Lords of Spiritual Light) were expressed in the Cosmogenesis. The cosmic genesis was due to the Orishas, whose volitional powers expressed in cycles and particular rhythms were expressed in primal substance (dark energy) subtracting from this the undifferentiated and the chaotic aspect. The primal moment of Cosmogenesis, as a reaction or an effect of the Orisha Volitional Power, produced three archetypal phenomena: light, sound and movement.

The Planetogenesis imitated Cosmogenesis (creation of the cosmos). The fundamental substance of the Sun (Helium and other elements - light) has suffered on itself the Volitional Power of the Orishas, which led to the Solar System. Within this system, we focused our studies on Planet Earth, our world of evolution and life.

The substances that compose the planet Earth are also Septenary. The Bipolarized Energy in Positive Mental Energy (abstract mental matter) and negative mental energy (concrete mental matter), by lowering its essential vibration, gives birth to the Astral Energy. The Astral Energy, by dissociation or emission, forms four energies, totaling sevenfold. The Astral Energy is the basic constituent of the subtle, hyperphysic dimension of the planet. At the ragged, dense dimension, triggers four states of manifestation or concrealization.

Keywords: Cosmogenesis, Triple Way Doctrine, Orishas, Planetogenesis, Afro-Brazilian Religions.

COSMOGÊNESE E PLANETOGÊNESE NA VISÃO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

Os princípios espirituais, por intermédio do Poder Operante dos Orixás (Senhores da Luz Espiritual), foram manifestados na Cosmogênese.

A gênese cósmica deveu-se aos Orixás, cujos poderes volitivos expressos em ciclos e ritmos particulares foram expressos na substância primeva (energia escura) subtraindo-lhe a indiferenciação e o aspecto caótico.

O instante primevo da Cosmogênese, como reação ou efeito do Poder Volitivo dos Orixás, produziu três fenômenos arquetipais:

Os Orixás Virginais – “Senhores da Coroa Divina” estenderam seus atributos unos modificados à Hierarquia Virginal. Os atributos inerentes à “Coroa Divina” eram: Onisciência, Onipotência, Onipresença.

Esses atributos virginais manifestaram-se nos seres espirituais como percepção, consciência, inteligência, amor, vontade, etc.

Os atributos unos aludidos se expressaram na cosmogênese por meio dos três fenômenos arquetipais.

Assim tivemos:

- Onisciência manifestada como luz cósmica – sete cores fundamentais

- Onipotência manifestada como som cósmico – sete notas musicais

- Onipresença manifestada como movimento cósmico – sete forças fundamentais.

Apreciando com atenção o que até aqui expusemos, não terá o prezado leitor amigo dificuldades em atender a relação ou analogia que fizemos com a Doutrina do Tríplice Caminho ou dos Três Caminhos-Unos, que pretende interpretar para os diversos ângulos de interpretação, o significado da Luz Cósmica, do Som Cósmico e do Movimento Cósmico.

Avançando em nossa exposição, poderemos afirmar que o Cosmos é a manifestação ou concretização do Poder Volitivo ou Operante dos Orixás e Hierarquia e, portanto, Sagrado, Divino.

Centralizemos nossa percepção e atenção em nosso Sistema Solar e, em especial, no planeta Terra. Este orbita sob os influxos vibracionais do Sol, luminar que lhe dá sustentação, vida e luz. Remontemos, então, há aproximadamente 4.3 bilhões de anos e penetremos na Planetogênese (criação do planeta Terra).

A Planetogênese imitou a Cosmogênese (criação do cosmos). A substância fundamental do Sol (Hélio e outros elementos – luz) sofreu sobre si o Poder Volitivo dos Orixás que deu origem ao Sistema Solar. Dentro desse Sistema, focalizemos nossos estudos no Planeta Terra, nosso mundo de evolução e vida.

Mais uma vez, o Poder Operante dos Orixás, manifesto em ciclos e ritmos, deu origem à Setessência da matéria, em analogia com os Três Princípios Arquetipais.

Esta Setessência apresenta-se, em obediência aos “Três Princípios”, posicionada em três planos coexistentes e interdependentes, denominados:

Plano Mental, associado à Luz Espiritual, pedra angular dos fundamentos da Luz Divina;

Plano Astral, associado ao Verbo Espiritual, pedra angular dos fundamentos do Verbo Divino;

Plano Etéreo-Físico, associado ao Movimento Espiritual, pedra angular dos fundamentos da Lei Divina.

A “matéria” que constitui o plano mental é dita sutilíssima, origem ou arquétipo das forças vivas ou energias sutis.

A “matéria” que constitui o plano astral é nomeada sutil, sendo a primeira manifestação da energia sutilíssima. Esta energia astral é origem das forças sutis, ares vitais, prana, tattwas, etc.

No plano etéreo-físico temos a densificação máxima permitida à energia-massa segundo os limites vibracionais e gravitacionais relativos ao planeta Terra.

Esta energia-massa possui cinco estados físicos: sólido, líquido, gasoso, plasmático e boseano, que são consolidações de elementos sutis, também denominados de elementais: terra, água, fogo, ar e éter.

O estado etérico (fluido gerador ou espaço inercial), o Akasha, conhecido por outras religiões, está inteiramente aderido ao plano físico, sendo o quinto elemento, que é, na verdade, geratriz dos demais.

Após esta descrição da constituição da matéria física e hiperfísica do planeta (veículos concretizadores dos vários planos e manifestações da energia), façamos o mesmo com o homem. Entenderemos, assim, as íntimas relações deste (microcosmo) com o Planeta e mesmo com o Cosmos (macrocosmo).

“A planetogênese imita a cosmogênese; analogamente, afirmamos que a antropogênese imitou a planetogênese”.

A última assertiva nos faz concluir que os Sete Orixás Planetários (na verdade dezesseis) nos influenciam tanto quanto ao Planeta Terra e são nossos Genitores Kármicos, com a particularidade de que a cada nova reencarnação, segundo o momento de nosso nascimento, ficamos sob o influxo mais direto de um Orixá.

Antes de compreendermos o mecanismo de, a cada nova reencarnação, ficarmos sob os influxos vibracionais de determinado Orixá, penetremos nas analogias entre macrocosmo e microcosmo.

O Ser Espiritual, o homem reencarnado, tal qual o planeta é constituído de elementos densos, sutis e sutilíssimos.

O organismo ou veículo dimensional constituído de energia sutilíssima é o mental. Este organismo é a sede da consciência, vela a Essência Espiritual, a Autoconsciência – a Luz Espiritual. É o organismo mais rarefeito, refletindo de forma mais fidedigna o Ser Espiritual em essência.

O veículo intermediário entre o mais sutil e o denso é o organismo astral, sede eletiva dos sentimentos, das emoções. Vela a vontade, a percepção, o Verbo Espiritual. Nele encontramos os centros de iluminação, conhecidos como chakras em outras religiões, que são a representação do organismo mental no organismo astral.

Os centros de iluminação superiores regulam a atividade dos órgãos astrais e físicos relacionados; mais diretamente, as funções mentais; os intermediários à vida astralizada e os inferiores, à vida física.

No último organismo, o etéreo-físico, constituído de sólidos, líquidos, gases e éteres, é onde se situa a sede das sensações, das ações, da manifestação; é considerado a concretização dos demais veículos dimensionais.

Resumindo, diremos que o organismo mental está afeto ao pensamento, o organismo astral ao sentimento, o organismo etéreo-físico à ação. Recorrendo novamente aos processos analógicos, associemos os três organismos a sistemas e órgãos de equivalência no organismo etéreo-físico.

Assim fazemos com a finalidade de demonstrar que os organismos dimensionais são um contínuo vibracional, ou seja, feixes de vibrações que vão gradativamente se condensando até manifestarem o organismo físico denso.

Neste organismo físico denso, segundo nossas afirmações, poderemos encontrar representantes dos outros dois organismos mais sutis (feixes vibracionais ou campos eletromagnéticos menos condensados).

Assim o organismo mental tem seu ponto de equivalência no corpo físico, na cabeça (cérebro ou encéfalo, ou todo sistema nervoso central), principalmente nos órgãos de relação, com visão (olhos) e audição (ouvidos). Fazendo a interconexão com os demais organismos há o fluido nervoso, consolidado no líquido cefalorraquidiano (liquor).

O organismo astral tem seu ponto ou região de equivalência no tórax, principalmente no sistema fono-cardiorespiratório (laringe, coração e pulmões), sistema hematológico, órgãos hematopoéticos, sistema endócrino ou imunoendocrinologico. O elemento de ordem astral condensado que faz a conexão com os demais organismos é o fluido prânico (sangue – com suas duas partes: sérica [soro] e celular [hemácias, leucócitos, plaquetas]).

O organismo etéreo-físico tem sua expressão máxima na região abdominal, nas vísceras. O elemento conector é o fluido mecânico (linfa).

Resumindo, para melhor compreensão do tema exposto, vejamos o quadro sinóptico:


O fluido nervoso (consolidado no líquor) é a expressão do organismo mental no organismo físico.

O fluido prânico (consolidado no sangue) é a expressão do organismo astral no organismo físico.

O fluido mecânico (consolidado na linfa) é a expressão de elementos etéricos no organismo físico.

Depois de demonstrar como no organismo físico, especificamente em suas três regiões, cabeça, tórax e abdome, se expressam e se relacionam no organismo mental, astral e físico, tomemos um dos segmentos, a cabeça, e observemos como nela há representantes dos três organismos. O mesmo pode se fazer com os dois outros segmentos: tórax e abdome.

Observando-se atentamente a cabeça (crânio e face) perceberemos sete orifícios. Estes sete orifícios podemos afirmar, estão praticamente em três planos diferentes e relacionam-se com os três organismos citados.

No primeiro plano, ligeiramente inclinado, denominado superior, encontram-se quatro orifícios. Dois orifícios onde se adaptam os globos oculares (olhos) e dois orifícios onde se adaptam os dois pavilhões auditivos (orelhas). Este plano é relativo ao organismo mental.

Em um segundo plano, por nós denominado de médio, encontra-se dois orifícios. São os orifícios das narinas (nariz). Este plano é relativo ao organismo astral.

No último, o terceiro plano ou inferior, encontra-se um único orifício (boca). É o relativo ao próprio organismo etéreo-físico.

Assim, concluí-se que: o primeiro plano relaciona-se com a visão (cérebro) e audição (cerebelo). O segundo plano liga a cabeça com o tórax, por meio da nasofaringe, laringe, traquéia e finalmente pulmões e coração. O terceiro plano liga a cabeça com o abdome por meio da boca, língua, dentes, faringe, esôfago (que passa pelo tórax), estômago, duodeno, intestino delgado, intestino grosso e ânus.

Implicações várias têm essas citações. Vimos que da boca chega-se ao fim do intestino grosso (reto-ânus). São “entrada” e “saída” que devem controlar os alimentos ingeridos pela boca. Contudo, devemos considerar alimentos também o que entra pelos outros orifícios, tais como: imagens (visão), sons (audição), sensações táteis (tato), ar e sucedâneos, etc., devendo haver excreções correspondentes para cada um.

Assim explicamos, pois queremos relacionar a anatomia e fisiologia do organismo físico com a de ordem sutil, das forças vivas, das energias de ordem astral, com os canais sutis e órgãos ultérrimos”.

Continuando, é de vital importância entender-se que o Princípio Espiritual (imanifesto) ou Essência, ao manifestar-se (existência) fê-lo no Universo Astral, onde, como vimos, havia domínio da Substância, da Energia em seus vários graus de densidade.

Interpenetrando fundamentos e rasgando arcanos, afirmamos que o Ser Espiritual gerou, exsudou a Substância Primeva, sendo a mesma protoforma para a Cosmogênese, onde repisamos, teria domínio a Energia-Matéria.

Recapitulando e aprofundando, visando o melhor entendimento, afirmamos que o Princípio Espiritual Uno (Essência) ao se bipolarizar, separando-se objetivamente (Existência), gerou de moto próprio, devido à sua atribuição criadora (Substância), a Substância Primeva que é indiferenciada, caótica, sem movimentos coordenados.

É a essa Substância Primeva que a Coroa Divina, os Orixás Virginais – Espíritos Virginais de máximo Poder – por intermédio da Potenciação de suas vontades, de seus Poderes Volitivos, propiciaram movimentos ordenados, diferenciado-a imprimindo-lhe um ciclo e ritmo particular.

Esse ciclo e ritmo, na verdade, deu formação à energia bipolarizada. A essa energia bipolarizada denominamos Energia Primeva Positiva e Energia Primeva Negativa.

A energia primeva bipolarizada deflagrou a constituição setenária da matéria no universo astral.

Assim, o Poder Volitivo dos Orixás Virginais, aplicados à Substância Primeva, gerou o Universo Astral. A concretização desse Poder Volitivo pode ser expressa na Cosmogênese, no “Big-Bang”, que gerou três fenômenos que perduram até os nossos dias. A Luz, o Som e o Movimento são as expressões do Poder Volitivo dos Orixás. São o Tantra (Luz), Mantra (Som) e Yantra (Movimento) Cósmicos.

A matéria constitutiva do planeta Terra é, igualmente, Setenária. A Energia Bipolarizada em Energia Mental Positiva (matéria mental abstrata) e energia mental negativa (matéria mental concreta) dão origem, por rebaixamento de sua vibração essencial, à Energia Astral.

A Energia Astral, por dissociação ou emissão, dá formação a quatro energias, totalizando o setenário. A Energia Astral é a base constitutiva da dimensão sutil, hiperfísica do planeta.

Na dimensão grosseira, densa, é a deflagradora de quatro estados de manifestação ou concretização.

O primeiro estado de manifestação é o eólico (ar), essencialmente expansivo.

O segundo estado de manifestação é o ígneo (fogo), essencialmente radiante.

O terceiro estado de manifestação é o hídrico (água), essencialmente fluente.

O quarto e último estado de manifestação é o telúrico (terra), essencialmente coesivo.

Concluindo, os elementos ar, fogo, água e terra compõem o plano físico denso do planeta, sendo que as Linhas de Forças (energias sutis) os sustentam por meio do Poder Atuante dos Emissários Executores dos Orixás – os Exus (transportadores, distribuidores e mantenedores do Axé ).

Demonstramos como o microcosmo está relacionado com o macrocosmo, como ambos possuem características similares. Reiteramos que, embora o Ser Espiritual possua Sete Veículos Dimensionais de sua consciência, os agrupamos em três Organismos relacionando-os aos Princípios Cosmogenéticos (Luz, Som e Movimento).

Depois das exaustivas demonstrações analógicas sobre a interdependência entre Cosmos, Planeta e Homem, concluímos que o binômio Espírito-corpo é uno, indivisível, sendo assim considerado pela Umbanda em suas diversas Escolas ou segmentos e demais religiões afro-brasileiras.

(1) O Poder Operante ou Volitivo dos Orixás Virginais aplicado à substância Primeva conferiu-lhe ciclos e ritmos que se expressaram por meio de: Luz, Som e Movimento Cósmicos.

(2) O Poder Operante ou Volitivo dos Orixás Solares aplicados à Substância Solar conferiu-lhe por meio de ciclos e ritmos particulares. Estes se expressam por meio de: equilíbrio, estabilidade e harmonia planetários.

(3) O Poder Operante ou Volitivo dos Orixás Planetários ou “Ancestrais” aplicado à Setessência da Matéria confere-lhe ciclos e ritmos particulares. Sua expressão dá-se por meio dos: Organismo Mental, Organismo Astral e Organismo etéreo-físico.

Esperamos que tenham ficado evidentes as conexões cosmo-planeta-homem que corroboram com o velho adágio: o microcosmo é manifestação do macrocosmo. Igualmente esperamos ter demonstrado que as religiões afro-brasileiras, no tocante aos fenômenos da criação, tenham uma visão diferente, embora respeitosa, das religiões criacionistas (vide publicação 55). Axé!

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá

Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico

Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”