BLOG - UMBANDA PARA O MUNDO

Blog voltado às informações e conceitos da Umbanda Blog criado para divulgação de tudo que diz respeito à Umbanda e aos umbandistas, crenças e cultos afins, no Brasil e no mundo.

O SACERDOTE DE UMBANDA E O SACERDÓCIO UMBANDISTA





O Sacerdote de Umbanda e o Sacerdócio Umbandista

Observando a forma como surgem os centros de Umbanda e conversando com muitas pessoas que dirigem seus centros, cheguei a algumas conclusões aqui expostas e que, espero, não despertem reações negativas mas sim levem todos à reflexão. Só isto é o que desejo, e nada mais.

Todos os dirigentes com os quais conversei foram unânimes em vários pontos:

a) foram solicitados pelos seus guias espirituais para que abrissem suas casas.

b) todos relutaram em assumir responsabilidade tão grande.

c) todos, de início, se sentiam inseguros e não se achavam preparados para tanto.

d) todos só assumiram missão tão espinhosa após seus guias afiançarem-lhes que tinham essa missão e que teriam todo o apoio do astral para levá-la adiante e ajudarem muitas pessoas.

e) todos sentiam então que lhes faltava uma preparação adequada para poderem fazer um bom trabalho como dirigente espiritual.

f) todos confiavam nos seus guias espirituais e no magnífico trabalho que eles realizavam em benefício das pessoas.

g) todos, sem exceção, só levaram adiante tal missão porque acreditaram nos seus guias.

h) todos se sentem gratos aos seus guias por tê-los instruído quando pouco ou quase nada sabiam sobre tantas coisas que compõem o exercício da mediunidade e sobre sua missão de dirigir uma tenda de Umbanda.

i) mas todos ainda acham que há algo a ser aprendido e acrescentado ao seu trabalho, mesmo já tendo muitos anos de atividade como dirigente e de já haver formado médiuns que hoje também já montaram e dirigem suas próprias casas.

j) e todos acreditam que sempre é tempo de aprenderem um pouco mais e não têm vergonha de ouvir o que outros dirigentes têm a dizer.

Bem, só com essas observações acima já temos um retrato fiel dos dirigentes umbandistas, e posso afirmar com convicção algumas conclusões a que cheguei:

a) na Umbanda o sacerdócio é uma missão.

b) o sacerdote de Umbanda (a pessoa que deve dirigir um centro e comandar os trabalhos espirituais) não é feito por ninguém; ele já traz desde seu nascimento essa missão.

c) o sacerdote de Umbanda invariavelmente é escolhido pela espiritualidade.

d) só consegue dirigir uma tenda quem traz essa missão pois esta também é dos guias espirituais.

e) mesmo não se sentindo preparado para tão digno trabalho, no entanto, a maioria crê nos seus guias e leva adiante sua incumbência.

f) mesmo não sabendo muito sobre como dirigir uma tenda os guias suprem essa nossa deficiência e vão nos ensinando coisas muito práticas que, com o passar dos anos, se tornam um riquíssimo aprendizado.

g) todos gostariam de se preparar melhor para o exercício sacerdotal, ainda que já sejam ótimos dirigentes espirituais.

h) todos lêem muito sobre a Umbanda e procuram nas leituras informações que os auxiliem no seu sacerdócio.

i) muitos fazem vários cursos holísticos para expandirem seus horizontes e a compreensão do que lhe foi reservado pela espiritualidade.

j) todos gostariam de ter alguém (uma escola, uma federação, uma pessoa) que pudesse responder certas dúvidas que vão surgindo no decorrer do exercício da sua missão.

Bem, o que deduzi é que ninguém faz um dirigente espiritual porque só o é ou só o será quem receber essa missão dos seus guias espirituais.

Mas, se assim é na Umbanda, no entanto o exercício do sacerdócio pode ser organizado, graduado e direcionado por uma “escola”, e isto facilita muito porque traz confiança e orientações fundamentais ao dirigente espiritual.

Devíamos ter na Umbanda mais escolas preparatórias tradicionais que auxiliassem as pessoas que trazem essa missão, tornando mais fácil as coisas para elas.

E, lamentavelmente, além de só termos alguns cursos voltados para esse campo, ainda assim quem ousou montá-los é injustamente acusado de charlatão, embusteiro, aproveitador e outros termos pejorativos.

Eu mesmo, só porque montei um “colégio” sob orientação espiritual e só porque psicografei algumas dezenas de livros de Umbanda (muitos ainda não publicados) já sofri todo tipo de discriminação, de calúnia, de ofensas e de acusações que espero que cessem, pois os umbandistas acabarão por entender que todas as religiões têm escolas preparatórias dos seus sacerdotes.

Só assim, com todos aprendendo as mesmas diretrizes e doutrina umbandista, a nossa religião conseguirá organizar-se e expurgar do seu meio os espertalhões que têm feito coisas condenáveis e cujos atos têm refletido negativamente sobre o trabalho sério de todos os verdadeiros umbandistas.

Pai Rubens Saraceni.

RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS - TRADIÇÃO É PARA TODOS ?






Religiões Afro-brasileiras - Tradição é para todos?...


Na praxis do templo, da doutrina esposada pelo mesmo, é necessário que seu mandatário tenha como sabedoria religiosa e mágica a Tradição.
Sim, é necessário conhecer e viver a memória de seu iniciador (Pai, Mestre...), do pai iniciador, do pai do pai do iniciador, enfim de sua raiz ou linhagem com as reatualizações devidas.
Considera-se importantíssimo conhecer e vivenciar a Tradição, pois implica em saber a origem, resgatar a memória, entender e vivenciar, inclusive no estilo de vida, a Tradição na sua comunidade-terreiro.
Pode-se associar a Tradição à origem, à memória resgatada e, muito principalmente, a reatualização, sendo que o olvido da última, com raras exceções leva o individuo ao desenraizamento. O pior é que o mesmo não percebe, caso contrário estaria atualizado com os conhecimentos e práticas de sua raiz ou de seu Mestre-Raiz.
Quando bem vivenciada a Tradição, por discípulos maduros, que serão Mestres, são eles possuídos de um salutar sentimento de pertença, o que fortalece sobremaneira sua identidade como ser individual ou como ser coletivo (comunidade-terreiro).
A Tradição é transmitida, tal qual a cultura, mas principalmente pela transmissão de valores éticos, espirituais através das gerações.
Cada comunidade-terreiro de fundamento ou Tradição tem aquele que “incorporou” a ancestralidade, vivenciando-a, reatualizando-a tal qual presenciaram e respiraram com seus Mestres (Pais ou Mães de Santo).
O discípulo preparado, longe da vaidade, do orgulho e da hipertrofia do ego, está sendo a própria Tradição por intermédio de seu Pai ou Mãe de Santo, detentor e transmissor da mesma. Sim, ele não só sabe, vive, é a própria Tradição, a ancestralidade rediviva.
A Tradição pode ser entendida como sendo a transmissão de práticas, valores espirituais de geração em geração, algo seguido e respeitado no decorrer do tempo.
O étimo do vocábulo em grego, paradosis e, em latim tradere – significando entrega, transmissão.
Em continuação é importante perceber como se “incorpora” a Tradição, vivenciando-a na sua mais pura acepção, com sua constante, e necessária reatualização.
Quando um Mestre Espiritual consumado se expressa, o faz em seu próprio nome e de todos os que o antecederam, e isto é muito importante.
Pai Rivas vivencia seu sacerdócio há mais de 43 anos, “incorporando” seu primeiro Mestre - Pai Ernesto Xangô Ayrá – Sacerdote Oluô da Tradição africana keto. Com ele teve os primeiros contatos com o Opele Ifá e a Tradição de Santo (Orisha). Em 1971 conheceu seu derradeiro Mestre – Pai Matta e Silva (W.W. da Matta e Silva) com o qual teve uma vivência, convivência iniciática de dezoito anos, não sendo apenas Iniciado no 7º Grau, no 3º ciclo, mas o detentor de mando da raiz, ou seja foi elevado em 07/12/88 a sucessor de seu Pai Matta e Silva.
Obvio está que ser iniciado em duas Tradições diferentes poderia ser problemático, mas conciliado as diferenças, buscou nas semelhanças (ambos preconizavam o oráculo de Ifá – Oponifá e Opele Ifá) erigir seu templo, a Tradição da qual é o detentor, atualizando-a constantemente, algo que culminou com a fundação inédita, da Faculdade de Teologia (FTU) com ênfase nas Religiões Afro-brasileiras, regulamentada e autorizada pelo MEC – órgão governamental que normatiza e fiscaliza o ensino universitário no Brasil.
O meio acadêmico realça tal empreitada, pois no mesmo espaço há salas de aula (conhecimento acadêmico) e o Templo (conhecimento religioso, fé, crenças) sendo considerado paradigma a ser seguido.
Isto só foi possível, pois acredita-se que a diversidade é uma forma inteligente e ética de convivência pacífica, de respeito às diferença, e mais, o reconhecimento do outro que é merecedor dos mesmos direitos, a tão propalada igualdade.
As mudanças ocorreram e ocorrerão, e com elas reatualizações que manterão viva a “Tradição de Santo”, algo que não será entendido por todos.
A vida é assim, o importante é que a Tradição mantida e reatualizada sempre proporcione felicidades àqueles que a seguem, e àqueles que a deixam. A verdadeira Tradição sempre é e será provedora de paz e entendimento, permitindo a todos decidirem e escolherem seus caminhos, sejam com Ela ou sem Ela, mas todos felizes. Ashé!

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”
http://sacerdotemedico.blogspot.com/2011/11/religioes-afro-brasileiras-tradicao-e.html