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O SAGRADO - A TRANSRELIGIÃO - (FTU)



O SAGRADO - A TRANSRELIGIÃO

As religiões Afro-brasileiras são o local de caldeamento de várias culturas, etnias e crenças sincretizadas no primeiro momento e sintetizadas na atualidade.

A fundação da FTU – Faculdade de Teologia Umbandista consolida o princípio democrático de isonomia ao receber o reconhecimento acadêmico; assim são ressarcidos discrepantes enganos, e recoloca grande contingente da população brasileira em conexão com os direitos de cidadania, o que deveria ser dado a todos os cidadãos brasileiros.

No momento em que se formalizou o saber religioso, o ingresso ao meio acadêmico poderia promover um empirismo ou pragmatismo que desdenhasse do método científico, depreciando o conhecimento superior como um todo. Opostamente a esta ideia, cremos que trazer o saber religioso para o nível acadêmico foi uma oportunidade de renovar este saber, pondo-o à prova sua essência no debate e intercâmbio com outros ramos do conhecimento, como o científico, o filosófico e o artístico.

A Faculdade de Teologia Umbandista – FTU tem procurado, e nem sempre isto é bem compreendido, identificar pontos de conciliação entre a ciência e a religião, neutralizando os vários conflitos entre o saber acadêmico e o saber religioso e, mais, procurando construir pontes, algo muito salutar para ambos.

Não se pode admitir que a Teologia como saber não tenha autonomia para ser uma unidade aberta em construção ou reelaboração. É inadmissível exigir o Sagrado segregado da Ciência, da Filosofia, da Arte enfim, dos saberes.

Veta-se na grade curricular a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, somente por ela levar transreligiosidade, uma forma de convivência pacífica entre todas as religiões e saberes vários. Por isso tenho defendido o diálogo como terapia social, cultural, política e econômica, pois nela encontro pontes que unem definitivamente os vários saberes.

Discutimos à exaustão na Escola de Síntese, que o Sagrado, a Espiritualidade é inerente a todo ser humano, vivente em seu interior, portanto, comum a todos, sejam ou não religiosos.

A assertiva da Escola de Síntese explicita que o Sagrado pode estar ou não na religião, mas que a religião é uma vertente importante do Sagrado, mas não a única.

Não descartando a religião, o Sagrado, remete-a a revisão crítica de aspectos epistemológicos, éticos e metodológicos, e mesmo de valores, como também de atuação e participação efetiva com os outros pilares do conhecimento.

Expliquemos de forma prática os pressupostos, deslocando a atuação para as religiões Afro-brasileiras e sua aderência à transreligiosidade, sendo esta sua Convergência Universal.

Há vários mitos cosmogenéticos ou da criação nas religiões afro-brasileiras, e em todos vamos encontrar a água como símbolo máximo da vida, o mesmo acontecendo com o elemento ar, ambos não isolados, mas em convergência.

Há também o mito de que os Orixás por intermédio de seu poder volitivo aplicado a uma “massa escura” deflagrou o surgimento do cosmo tendo como manifestações três fenômenos: luz, som e movimento.

Interessante que algumas teorias cosmológicas defendidas pela astrofísica admitem o big bang, tal como defendido pelos mitos das religiões afro-brasileiras, não de hoje, mas há milhares de anos. Não podemos deixar de citar estes fatos, pois os mesmos demonstram o quanto as religiões afro-brasileiras estão em sintonia com a ciência.

Após esta introdução, relembremos que fizemos no texto anterior uma ilação afirmando que a transrreligiosidade era a convergência de universalismo, e não um sincretismo, e demonstraremos da seguinte maneira.

Tomemos os dois elementos químicos formadores da molécula da água que, além de ser a base fundamental da vida planetária, é responsável pelas ¾ partes do planeta.

Como é sabido, o hidrogênio (H) e o Oxigênio (O) são os átomos responsáveis pela formação da água. Pedimos atenção especial à demonstração que farei, pois apesar de simples explica o propugnado.

Iniciemos pelo elemento químico Hidrogênio (H). É um gás incolor, inodoro e não venenoso e altamente inflamável (dizem que será o combustível do futuro). Está disperso na natureza na porcentagem de volume de 0,01 % na porcentagem de massa de 0, 006%.

Continuamos demonstrando desta vez algumas propriedades do Oxigênio (O). É um gás incolor, inodoro, não inflamável, mas comburente, alimenta as combustões (queimas), é indispensável à vida (a maioria dos seres vivos respiram e não dispensam o Oxigênio). Está disperso na natureza na porcentagem de volume de 21%) e na porcentagem de massa de 23%.

Para nossos objetivos as informações fornecidas são suficientes para a demonstração. Acabamos de saber que nas condições normais na natureza, em especial na atmosfera, ambos os elementos são gasosos. O Hidrogênio é inflamável e o Oxigênio comburente.

Mas por que estamos citando suas propriedades físico-químicas? Pois eles são os elementos que dão formação a água (H2O). Sim, todos sabem disso, mas o importante é a constatação que embora dêem formação à água, a mesma tem propriedades diametralmente opostas, tanto do Hidrogênio como do Oxigênio.

A água na natureza (na maioria das vezes) é liquida os seus componentes são gasosos. A água pode apagar o fogo, ou seja, não é combustível (H2) e nem comburente (O2). Muitas seriam as diferenças, mas o que queremos ressaltar é que apesar da água ser formada de Oxigênio e Hidrogênio, é uma outra realidade – a este realidade é o que denominamos síntese. Portanto, na “síntese os elementos constitutivos desaparecem na aparência, mas persistem na essência para dar lugar a uma realidade superior”. É o que também acontece com o Sagrado, com a transdisciplinaridade e com a transreligiosidade que definimos como “Convergência de Universalismo”, ou Síntese. O mesmo se dá com a Escola de Síntese.

Mas continuando, e isto é muito interessante, penetremos em outras “curiosidades” dos elementos químicos citados: Hidrogênio e Oxigênio. O Hidrogênio tem seu peso atômico como sendo 1. O Oxigênio, por sua vez, tem o peso atômico 16. O número 1 relacionado à unidade, a existência individualizada, a continuidade, portanto, dentro das Tradições Afro-brasileiras associado a Exu – símbolo por excelência da existência individualizada segundo reza mito dos odu ifa.

O número 16 esta relacionado aos 16 “Orixás”, aos 16 Oju odus (Babaodu – odu duplos – meji) com que se escreveu o destino do Cosmo e do indivíduo.

Se somarmos os dois pesos atômicos teremos 16 + 1=17. Sim, o 17 é o Odu Oxétuá formado pelo 15º Odu (Oxé) e o 13º Odu (Otura ou Otuwá). Portanto Oxetuá, com toda sua valência de ser aquele que foi gerado pelo “Poder mágico” o Akinosho, ao qual rendemos homenagem, pela sua tarefa de ir à frente, facear com Oludumare, e trazer paz, vida e prosperidade ao mundo, e tantos outros bons augúrios aos destinos coletivos e individuais.

Espero ter podido contribuir no vislumbre da conexão recíproca entre Teologia e Ciência, e que isto possa sensibilizar os responsáveis pela educação de nosso país, nos vários níveis, da necessidade de valorizar-se os cursos de Teologia das Religiões Afro-brasileiras e das demais Teologias, permitindo a eles construir suas grades curriculares, com autonomia, favorecendo aos que se interessarem pelo estudo e na pesquisa da Transreligião como forma legítima de inclusão e convivência pacífica que remete ao Sagrado. Axé!





Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá


Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico

Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”

(Espiritualidade e Cência)

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