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RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS - TRADIÇÃO É PARA TODOS ?






Religiões Afro-brasileiras - Tradição é para todos?...


Na praxis do templo, da doutrina esposada pelo mesmo, é necessário que seu mandatário tenha como sabedoria religiosa e mágica a Tradição.
Sim, é necessário conhecer e viver a memória de seu iniciador (Pai, Mestre...), do pai iniciador, do pai do pai do iniciador, enfim de sua raiz ou linhagem com as reatualizações devidas.
Considera-se importantíssimo conhecer e vivenciar a Tradição, pois implica em saber a origem, resgatar a memória, entender e vivenciar, inclusive no estilo de vida, a Tradição na sua comunidade-terreiro.
Pode-se associar a Tradição à origem, à memória resgatada e, muito principalmente, a reatualização, sendo que o olvido da última, com raras exceções leva o individuo ao desenraizamento. O pior é que o mesmo não percebe, caso contrário estaria atualizado com os conhecimentos e práticas de sua raiz ou de seu Mestre-Raiz.
Quando bem vivenciada a Tradição, por discípulos maduros, que serão Mestres, são eles possuídos de um salutar sentimento de pertença, o que fortalece sobremaneira sua identidade como ser individual ou como ser coletivo (comunidade-terreiro).
A Tradição é transmitida, tal qual a cultura, mas principalmente pela transmissão de valores éticos, espirituais através das gerações.
Cada comunidade-terreiro de fundamento ou Tradição tem aquele que “incorporou” a ancestralidade, vivenciando-a, reatualizando-a tal qual presenciaram e respiraram com seus Mestres (Pais ou Mães de Santo).
O discípulo preparado, longe da vaidade, do orgulho e da hipertrofia do ego, está sendo a própria Tradição por intermédio de seu Pai ou Mãe de Santo, detentor e transmissor da mesma. Sim, ele não só sabe, vive, é a própria Tradição, a ancestralidade rediviva.
A Tradição pode ser entendida como sendo a transmissão de práticas, valores espirituais de geração em geração, algo seguido e respeitado no decorrer do tempo.
O étimo do vocábulo em grego, paradosis e, em latim tradere – significando entrega, transmissão.
Em continuação é importante perceber como se “incorpora” a Tradição, vivenciando-a na sua mais pura acepção, com sua constante, e necessária reatualização.
Quando um Mestre Espiritual consumado se expressa, o faz em seu próprio nome e de todos os que o antecederam, e isto é muito importante.
Pai Rivas vivencia seu sacerdócio há mais de 43 anos, “incorporando” seu primeiro Mestre - Pai Ernesto Xangô Ayrá – Sacerdote Oluô da Tradição africana keto. Com ele teve os primeiros contatos com o Opele Ifá e a Tradição de Santo (Orisha). Em 1971 conheceu seu derradeiro Mestre – Pai Matta e Silva (W.W. da Matta e Silva) com o qual teve uma vivência, convivência iniciática de dezoito anos, não sendo apenas Iniciado no 7º Grau, no 3º ciclo, mas o detentor de mando da raiz, ou seja foi elevado em 07/12/88 a sucessor de seu Pai Matta e Silva.
Obvio está que ser iniciado em duas Tradições diferentes poderia ser problemático, mas conciliado as diferenças, buscou nas semelhanças (ambos preconizavam o oráculo de Ifá – Oponifá e Opele Ifá) erigir seu templo, a Tradição da qual é o detentor, atualizando-a constantemente, algo que culminou com a fundação inédita, da Faculdade de Teologia (FTU) com ênfase nas Religiões Afro-brasileiras, regulamentada e autorizada pelo MEC – órgão governamental que normatiza e fiscaliza o ensino universitário no Brasil.
O meio acadêmico realça tal empreitada, pois no mesmo espaço há salas de aula (conhecimento acadêmico) e o Templo (conhecimento religioso, fé, crenças) sendo considerado paradigma a ser seguido.
Isto só foi possível, pois acredita-se que a diversidade é uma forma inteligente e ética de convivência pacífica, de respeito às diferença, e mais, o reconhecimento do outro que é merecedor dos mesmos direitos, a tão propalada igualdade.
As mudanças ocorreram e ocorrerão, e com elas reatualizações que manterão viva a “Tradição de Santo”, algo que não será entendido por todos.
A vida é assim, o importante é que a Tradição mantida e reatualizada sempre proporcione felicidades àqueles que a seguem, e àqueles que a deixam. A verdadeira Tradição sempre é e será provedora de paz e entendimento, permitindo a todos decidirem e escolherem seus caminhos, sejam com Ela ou sem Ela, mas todos felizes. Ashé!

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”
http://sacerdotemedico.blogspot.com/2011/11/religioes-afro-brasileiras-tradicao-e.html

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